O atirador da Catedral Metropolitana de Campinas, Euler Fernando Grandolpho, não tinha uma boa convivência com a vizinhança, em Valinhos, perto de Campinas. Segundo um dos vizinhos, um executivo de 59 anos que não quis se identificar, foi preciso chamar a polícia certa vez porque Euler atirou ovos na parede, balde de óleo de cozinha aberto e cocô de cachorro na piscina do executivo. E ainda teria ameaçado o filho adolescente do empresário.
— Ainda estou em choque. Você não imagina a gravidade de estar ao lado de uma pessoa dessas — diz o vizinho, que registrou Boletim de Ocorrência.
Euler vivia com o pai numa confortável casa de três andares, em área nobre de Valinhos, protegida com segurança privada. Há pouco mais de dez anos, perdeu a mãe. Há dois, um irmão, vítima de leucemia.
Analista de sistemas, com passagens pelo colégio técnico da Unicamp e Unip, passou em um concurso do Ministério Público de São Paulo em 2009 e prestou serviços como auxiliar de promotoria lotado na área regional da capital, a partir de 2012. Pediu exoneração e voltou para casa apenas um ano e meio depois, em dezembro de 2014, por razões ainda não esclarecidas.
— Eles (os policiais) vieram aqui, perceberam que era séria a coisa. Euler tinha até arma em casa, eles levaram, mas ficou nisso. Desde então ele parou de ameaçar meu filho, tirou a gente do foco. Mas os sintomas continuaram — conta o executivo. O episódio relatado ocorreu há sete anos, segundo o vizinho.
A rotina mais visível de Euler era o passeio matinal diário com o seu cachorro, um pastor alemão, seu único amigo, segundo conhecidos. Implicava especialmente com adolescentes do bairro, que dizia terem papel preponderante na perseguição que habitava sua mente.
— Ele falava que os meninos eram hackers, que invadiam o seu computador e atazanavam sua vida — conta o empresário.
Outro vizinho, um rapaz de 19 anos, estudante de comércio exterior, relembra:
— Sempre foi um cara muito estranho, fechado, na dele. Andava com o cachorro sem coleira, com um pau na mão — conta o rapaz, que morava a três casas de Euler, na mesma rua.
O pai do estudante, Waldemar, de 52 anos, viu Euler sair de casa por volta de meio dia de ontem, cerca de uma hora antes da chacina, com mochila nas costas e um óculos no rosto.
— Vi ele na portaria. O pessoal brinca com esse negócio de depressão, mas é uma coisa muito séria. Não falava um bom dia, boa tarde, era uma pessoa totalmente alheia à realidade — contou.
Após a tragédia, moradores do bairro eram unânimes ao relatar o carinho que nutrem pelo pai do atirador, Éder Grandolpho, que agora perdeu o segundo filho, de forma trágica. Católico fervoroso, ministro da eucaristia em uma paróquia de Valinhos e organizador de encontros para rezar o terço em sua casa, pedia desculpas com frequência pelo comportamento do filho.
FONTE: EXTRA
Add Comment