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Mais da metade dos brasileiros sofrem de refluxo, mostra estudo

Realizada pela Federação Brasileira de Gastroenterologia, pesquisa foi divulgada nesta segunda (19) na Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Mais da metade dos brasileiros ou, mais precisamente 51%, afirmam sofrer com refluxo semanalmente, além de azia e pirose (queimação), que podem ser indícios do problema.

Isso é o que revelou um estudo realizado pela Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) divulgado nesta segunda-feira (19) na 17ª Semana Brasileira do Aparelho Digestivo (SBAD), realizada entre 17 e 20 de novembro em São Paulo.

O levantamento foi feito com mais de 3 mil pessoas, de ambos os sexos, em todas as regiões do país. Segundo a pesquisa, o grupo que mais sobre com a condição são mulheres obesas, sedentárias e fumantes entre 36 e 47 anos.

“Os resultados evidenciaram um grande desconhecimento da população sobre o assunto, uma vez que os principais sintomas, como azia e pirose, também podem ser uma simples má digestão. Além disso, 46% da população não sabe a diferença entre os principais tipos de tratamento. O refluxo, quando não identificado e tratado corretamente, pode gerar complicações bastante graves”, afirma o gastroenterologista Flavio Quilici, presidente da FBG.

O refluxo consiste na volta do alimento do estômago para o esôfago, juntamente com ácido gástrico, causando desconfortos, como azia e queimação. O motivo é uma falha no esfíncter esofágico inferior que funciona como uma válvula, não deixando que o alimento digerido, que está no estômago, retorne ao esôfago.

A azia e a queimação foram mencionadas como os sintomas mais recorrentes, 51% e 47% respectivamente, após a ingestão de alimentos específicos. Entre os principais estão petiscos, pratos condimentados e refrigerantes. O gastroenterologista explica que essa alta incidência se deve à acidez desses tipos de alimento e ao gás do refrigerante.

Segundo a pesquisa, o refluxo está diretamente relacionado à ingestão de produtos industrializados, fritos e gordurosos, pois sua frequência é maior entre as refeições.

Entre os que consomem esses tipos de alimento e declaram ter o problema, 85% estão obesos. Ainda de acordo com o estudo, a associação entre bebida alcoólica e cigarro também intensifica o problema para 54% dos fumantes.

Refluxo afeta a qualidade do sono

Para 33% das pessoas, a azia é o que causa desconfortos mais intensos. Já 74% afirmaram que a qualidade do sono é o aspecto mais prejudicado pelo refluxo.

A pesquisa ainda revelou que 70% já sentiram sintomas em horário de trabalho e 68% têm a rotina social prejudicada pelo refluxo, que impede atividades rotineiras.

Além de obesos, outro grupo em que a condição é frequente é em gestantes. O estudo revelou que 85% das grávidas relataram ter sentido refluxo em algum momento da gestação.

De acordo com presidente da FBG, entre os fatores que levam a maior ocorrência estão o aumento da pressão intra-abdominal pelo crescimento do útero e o relaxamento do esfíncter (músculo) inferior do esôfago que fica entre o esôfago e o estômago.

“Ele torna-se mais intenso e frequente a partir da 27º semana de gestação, com mais chance de se desenvolver em mulheres que já tinham este problema antes ou já estiveram grávidas”, afirma.

Ele explica que medicamentos à base de alginato podem ser utilizados no segundo e terceiro trimestres da gravidez para aliviar sintomas do refluxo, como azia e queimação, pois não possuem ação sistêmica.

“O tratamento do refluxo depende da gravidade do caso. Em algumas situações, mudanças nos hábitos comportamentais são suficientes para que haja uma melhora. Em outros, o tratamento é feito por meio de medicamentos que diminuem a quantidade de ácido produzido pelo estômago, em conjunto com uma reorientação alimentar, perda de peso e atividades físicas”, afirma.

Cinco em dez pessoas usam sal de fruta

A pesquisa mostra que quase metade dos entrevistados não sabe a diferença entre sal de frutas, antiácido, leite de magnésia, protetor gástrico e alginato. “A utilização incorreta dessas substâncias pode causar prejuízos à saúde”, diz.

Cinco em cada dez fazem uso de sal de fruta quando sentem sintomas de refluxo. “Dependendo da frequência e da gravidade dos sintomas, ele pode não ser eficiente porque possui apenas ação imediata e passageira. Depois de um tempo de uso , o medicamento aumenta o pH do estômago estimulando efeito rebote com a produção de mais acidez podendo agravar os sintomas do refluxo”, explica.

Já o alginato, utilizado por apenas 6% das pessoas, é eficaz no combate ao refluxo, segundo o gastroenterologista. “Além de possuir ação de longo prazo, por até 4 horas, age formando uma barreira mecânica que impede as sensações de queimação e azia comuns nos quadros de refluxo”.

Segundo ele, o tratamento varia de acordo com o estágio da doença. Ela afirma que algumas medidas podem contribuir para melhora da qualidade de vida como a perda peso, evitar alimentos e bebidas que pioram o refluxo, comer porções menores, não se deitar logo após as refeições e praticar atividade física, além de realizar acompanhamento médico.

FONTE: R7.COM

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