Os preços do café e do milho brasileiros podem atingir as mínimas permitidas pela lei se o mercado cambial mudar de direção após as eleições presidenciais em outubro, disse uma autoridade do Ministério da Agricultura nesta segunda-feira.
Isso acionaria o programa de subsídio do governo que paga aos produtores a diferença entre o preço do mercado e os preços mínimos, disse Savio Rafael Pereira, secretário-adjunto de Política Agrícola em entrevista.
“Se o novo presidente assumir e o dólar cair (ante o real), provavelmente o preço do café vai recuar um pouco, e então começaria a atingir o preço mínimo do café”, disse Pereira.
“Dois produtos correm esse risco —café e milho—, se o dólar cair muito.”
Os comentários de Pereira demonstram o grande risco econômico apresentado pelas eleições de outubro, a mais indefinida em décadas. Os temores de que o Brasil não elegerá um candidato amigável ao mercado pressionaram o real, que tocou sua mínima desde a sua criação em 1994, na quinta-feira.
Por enquanto, os produtores têm se beneficiado da alta do dólar, que eleva o valor dos seus produtos nos termos da moeda local.
O preço mínimo para o café estabelecido pelo governo para uma saca de 60 quilos de arábica tipo 6 é 341,21 reais (81,47 dólares) na temporada 2018/19, ante o preço médio de 424,06 reais em setembro em São Paulo.
O preço mínimo do milho varia de Estado para Estado, com o piso no maior produtor do país, o Mato Grosso, estabelecido a 16,71 reais por saca de 60 quilos. A média do mercado em setembro na cidade de Lucas do Rio Verde, Mato Grosso, era de 26 reais, de acordo com dados do governo.
Pereira disse que o total pago no programa de subsídio é geralmente muito baixo e focado, muito distante do nível de subsídios agrícolas vistos nos Estados Unidos.
“Não é um preço lucrativo para o produtos”, ele disse. “Você não produzirá por muito tempo com esse preço, você vai sair do mercado.”
O governo gastou cerca de 800 milhões de reais no ano passado em subsídios para o milho, depois que a commodity ficou abaixo dos preços mínimos.
FONTE: REUTERS
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