Documento foi votado na Comissão Baleeira Internacional, que acontece em Florianópolis
Nesta quinta, Declaração de Florianópolis, que estabelece princípios básicos de proteção a esses animais, foi aprovada. Caçada comercial de baleias é proibida há 32 anos, mas Japão dizia queera hora de liberar.
A proposta de liberação da caça comercial das baleias, apresentada pelo Japão e considerada a mais aguardada da pauta do encontro da Comissão Baleeira Internacional, em Florianópolis, teve a votação adiada para sexta-feira (14).
A previsão inicial era que a proposição fosse apreciada nesta quinta. O evento na capital catarinense reúne representantes de mais de 80 países. O Brasil faz parte do grupo contrário à proposta do Japão, que é defendida também por países de tradição baleeira como Islândia e Noruega. A caça comercial das baleias está proibida há 32 anos, mas o país asiático diz que é hora de revisar o regulamento e liberar a atividade.
Na manhã desta quinta, a Declaração de Florianópolis, que coloca os princípios básicos de proteção e reafirma a moratória de caça à baleia, teve 40 votos a favor, 27 contra e 4 abstenções. O documento propõe que os recursos da Comissão Internacional da Baleia sejam destinados inteiramente para a conservação, e não para a caça.
Entretanto, apesar da reafirmação da moratória, a proposta japonesa de retomar a caça ainda pode ser votada nesta sexta.
“A votação do retorno da caça a baleias deve ocorrer por sugestão do Japão, em outras convenções, com propostas divergentes, uma situação assim, em que já foi aprovado o contrário, a questão é tirada de pauta. Como se trata de um país como o Japão com ampla participação no evento e na questão pode ser submetido à votação. Na prática, não tem chance de ser aprovada”, explicou o diretor do Instituto Baleia Jubarte, José Truda Palazzo.
O governo brasileiro comememorou a aprovação da Declaração de Florianópolis. “Coloca os princípios básicos de proteção, reafirma a moratória de caça à baleia, coloca a questão da conservação como uma questão prioritária e, pela primeira vez em 20 anos, nós temos uma vitória expressiva. Então, estamos todos muito felizes”, afirmou o Secretário Nacional de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente José Pedro de Oliveira Costa.
Caça comercial
A proposta japonesa de liberar a caça incluiria a criação de um comitê de caça sustentável, que estabeleceria cotas para definir quanto cada país poderia capturar por ano.
“Existe emalhamento frequente de baleias em rede de pesca, colisões com grandes embarcações e a poluição dos mares. E a própria mudança climática vem fazendo com que haja outros impactos e somados esses impactos à caça da baleia novamente, poderia colocar a perder o que se ganhou de pouco nesses 32 anos de moratória”, declarou o diretor do Instituto Baleia Jubarte José Truda Palazzo.
Nenhum representante da delegação japonesa quis dar entrevista. O Japão precisa de 75 % dos votos da comissão para aprovar a caça.
A possibilidade de que a caça de baleias seja liberada gera protestos desde segunda-feira (10) por parte de ambientalistas e ONGs internacionais que estão em Florianópolis para acompanhar as discussões.
Santuário
A proposta brasileira de criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul foi rejeitada em votação na terça (11). Entre os contrários estão Japão, Noruega e Islândia, países que defendem a caça de baleias para pesquisa.
A área destinada seria composta pelas águas do oceano Atlântico, abaixo da linha do Equador, entre as costas da África e da América do Sul, com 20 milhões de quilômetros quadrados que abrigam 51 espécies de cetáceos.
FONTE: Globo/G1SC
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