Flávio Grava, que assumiu a preparação física do sub-20, explicou as mudanças que tem realizado e como melhorou a estrutura para os jovens
O Corinthians tem melhorado a estrutura para os jogadores da base. Desde que assumiu a preparação física do sub-20 no mês passado, após ser auxiliar no profissional, Flávio Grava tem implantado mudanças e apostado em novos aparelhos. De acordo com o preparador, o Timão não precisou fazer investimento, porque foram realizadas parcerias.
– Fui atrás de parceiros que viabilizassem por meio de equipamentos e softwares as necessidades presentes. Assim conseguimos uma academia com aparelhagem de ponta internacional capaz de atender simultaneamente aproximadamente de 50 a 60 atletas, reestruturamos o departamento de fisiologia e hoje contamos com 75 GPS em tempo real e 75 frequencímetro em tempo real, e estamos em negociação para mais 60. Adquirimos novas fotocélulas e plataformas de salto para monitoramento da velocidade e potência, equipamentos para antropometria completa e um software gerenciador de informações onde cada atleta tem seu banco de dados individualizadas que permite termos informações do seu desenvolvimento ao longo dos anos – afirmou Flávio Grava, que já vinha negociando parcerias para a base desde o ano passado.
– Acredito que o fato de o Corinthians não possuir tais recursos anteriormente se deva, em primeiro lugar, a não possuírem um coordenador. Delinear as necessidades sob um ponto de vista macro fica comprometido. Segundo, é de conhecimento geral que o clube passa por um momento financeiro com recursos estão limitados. Para essa questão, resolvi com minha credibilidade no mercado angariar parceiros, sem não onerar o clube, e também contando com a criatividade da nossa diretoria para viabilizar necessidades que não seriam supridas pelo modelo de parceria – acrescentou o preparador.
O Corinthians tem passado por reformulação em sua categoria de base, principalmente para suprir necessidades do profissional. O então técnico do sub-20, Dyego Coelho, virou auxiliar de Osmar Loss. Além disso, Anselmo Sbragia também deixou a preparação do sub-20 para subir ao profissional.
Flávio Grava, por sua vez, tem ajudado no profissional e foi oficialmente nomeado coordenador da preparação física da base em junho. Nesta entrevista ao LANCE!, ele também explicou outras mudanças que tem implantado e suas novas funções. Confira:
O que mudou da sua função ir para o sub-20?
Passei a acumular a coordenação da base como um todo, além de ter as obrigações diárias de um preparador físico principal. Realizo o planejamento, executo e comando os treinos diariamente. Adequação dos conteúdos dos treinos as necessidades dos atletas e os conteúdos propostos pela metodologia do clube. Organização do planejamento de horários e rotina da categoria. Monitoramento fisiológico juntamente com o fisiologista. Além de, obviamente, estar sempre em contato com o treinador para montarmos as atividades.
Confira tudo sobre Copa 2018 no R7 Esportes
Qual a diferença de trabalhar com jovens?
Em relação especificamente à categoria sub-20, sob o ponto de vista físico, esses atletas encontram-se na fase final do processo de treinamento e desenvolvimento do processo metodológico, portanto, cabe a nós darmos o passo final em direção aos padrões exigidos para que eles tenham desempenho e alto rendimento. Nesse sentido procuramos equipara-los ao nosso time profissional ao final desse processo. Outra diferença é a relação comportamental, onde o ambiente é mais descontraído em virtude da faixa etária. Ainda sob esse olhar, os garotos, cada um à sua maneira, têm que lidar com fato de estarem em um período de transição do amador para o profissional, que coloca pressão extra nos ombros desses garotos. Muitas vezes as relações de amizade e confiança que construímos são de extrema importância para que eles lidem com esse período. Já sob o ponto de vista de coordenador, o ponto a se destacar é a identificação do processo maturacional que realizamos com cada jogador, dessa maneira adequando sua carga de treinamento de acordo com sua capacidade biológica, valendo destacar que, jogadores de uma mesma idade podem estar em períodos de desenvolvimento biológico diferentes, portanto necessitando de abordagens distintas.
O tempo de trabalho na base costuma ser maior de um jogo para o outro. O que muda?
O fenômeno do calendário congestionado infelizmente já atinge as categorias de base, havendo sobreposição de competições e jogos com intervalos curtos de recuperação. Um exemplo é a sequência em que enfrentamos um jogo no sábado em Guaratinguetá, jogamos terça-feira em Osasco, sábado em casa e viagem no domingo para enfrentar o Vasco no Rio. Diante dessa situação, é exigido um planejamento minucioso, pois, ao mesmo tempo que precisamos competir, precisamos continuar com o processo de desenvolvimento dos atletas que demanda treino e descanso.
Quais mudanças realizou na base?
Tracei um plano de ação de três frentes. A primeira frente se refere aos recursos humanos, busquei no mercado os melhores profissionais, prova disso que nossos últimos preparadores físicos do sub-20 se encontram no comando dos times profissionais do Fortaleza, do Paraná e do próprio Corinthians. Busquei ainda, valendo o destaque os profissionais Wanderley Brilhante e Leandro Spigolon, que acumulam as funções de preparador físico do sub-17 e fisiologista principal, ambos com carreiras consolidadas com passagens em seleção brasileira, e construção de outros processos vitoriosos e que agora são meus braços para elaboração, execução e coordenação dos processos metodológicos desenvolvidos.
Outra frente foi a estrutural, fui atrás de parceiros que viabilizassem por meio equipamentos e softwares as necessidades presentes. Assim conseguimos uma academia com aparelhagem de ponta internacional capaz de atender simultaneamente aproximadamente de 50 a 60 atletas, reestruturamos o departamento de fisiologia e hoje contamos com 75 GPS em tempo real e 75 frequencímetro em tempo real, e estamos em negociação para mais 60. Adquirimos novas fotocélulas e plataformas de salto para monitoramento da velocidade e potência, equipamentos para antropometria completa e um software gerenciador de informações onde cada atleta tem seu banco de dados individualizadas que permite termos informações do seu desenvolvimento ao longo dos anos.
E a última frente foi a metodologia. Construí juntamente com os profissionais citados uma metodologia pautada em ciência que respeita as individualidades e momentos biológicos de cada atleta e que seus conteúdos são conectamos ano a ano de forma que cada ciclo de treinamento se comunica e é o ponto de partida para o ciclo seguinte sob todos os aspectos biomotores (força, velocidade, coordenação, resistência, etc). Além disso, protocolamos métodos de recuperação pós jogos, assim como trabalhos corretivos e preventivos. Também os atletas são reavaliados periodicamente, de 4 a mais vezes no ano de acordo com o parâmetro, para que possamos traçar os ajustes e mapear as evoluções. Como disse anteriormente, essa metodologia também é parametrizada pelas necessidades e realidades que identificamos na nossa equipe profissional, de forma que, ao final do processo, formaremos atletas que desempenhem em alto rendimento e tenham a identidade do Corinthians. Essas 3 frentes abertas facilitam e muito o meu trabalho, porque todos sabem de onde iniciam e onde entregam o processo, me certificando de possuir as ferramentas e os profissionais para trabalharmos com excelência.
Tem reuniões com os preparadores do profissional?
Atualmente não fazemos reuniões periódicas com os preparadores do profissional. O que fazemos são emissões de relatórios detalhados sobre os atletas solicitados. E reuniões pontuais quando necessárias.
FONTE: LANCE
Add Comment