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‘Barulho da Copa’ pode afetar audição de pets

Audição dos gatos e cachorros é mais sensível que a dos humanos.

A Copa do Mundo não chega sozinha – o principal torneio de futebol do planeta traz com ele fogos de artifício, vuvuzelas e gritos de comemoração.

Para donos de animais de estimação, a preocupação aumenta, pois os animais se incomodam muito com o barulho. Os tutores de pets, portanto, precisam ter mais cuidado para que o bicho não fuja.

A sensibilidade auditiva de um pet é mais que o dobro daquele de um ser humano, segundo a professora veterinária Marina Zimmermann:

Ser humano: 20 mil Hertz
Cachorros: 40 mil Hertz
Gatos: 45 mil Hertz
Após ouvir o barulho, o animal aumenta a produção de cortisol – hormônio do estresse – e diminui a produção de serotonina – hormônio do prazer. Em curto prazo, essa desregulação pode causar gripe, diarreia, descontrole urinário e, em casos mais graves, até epilepsia.

De olho na reação
Cada animal reage de forma diferente aos estímulos sonoros, mas especialistas apontam alguns sinais que podem indicar o estresse. Em geral, gatos costumam pular de onde estão para fugir do barulho – e podem acabar caindo de janelas ou sacadas, por exemplo.

Os cães, por sua vez, costumam latir muito e tentar cavar buracos, além de tentar fugir para uma área protegida. Segundo Marina, tentar reduzir a mobilidade dos bichos pode “gerar ainda mais estresse”

O conforto do lar
Aos 18 anos, a pinscher Amine é uma “senhorinha”. Ela mora em um apartamento no Guará, no Distrito Federal, e sofreu na Copa do Mundo do Brasil com a balbúrdia das comemorações. Para quem se assusta até com a queda de objetos em casa, o barulho das vuvuzelas e dos fogos de artifício só tem uma solução: o colo da dona, Juliana Carmozina.

Além do pedido de socorro, o estresse de Amine causa tremedeira e aumento do ritmo cardíaco. Juliana diz que tenta fechar portas e janelas, mas a medida é insuficiente para isolar o som que vem da área externa.

“Teve um dia que me desesperei vendo ela tremer que enrolei um cobertor tapando as orelhas dela.”

Antes dos jogos, Juliana passou a dar um calmante natural para a pinscher, na tentativa de reduzir o susto. Durante a Copa, ela também tenta ficar mais próxima de Amine, em casa, para que a cachorra se sinta protegida.

“Sempre procuro ficar bem perto dela, abraçar. Não saio com ela na rua”, diz. Na Copa da Rússia, Juliana diz que vai tentar assistir a alguns jogos com amigos. “Em alguns momentos, vou precisar sair. A solução é deixar ela no ‘porto seguro’, em casa.”

Cantinho de nascimento
Aos 14 anos, o gato Elvis também sofre com os barulhos excessivos. Segundo a dona, Luzia de Sousa, os sustos já fizeram o bichano ter vômitos e diarreia, além do nervosismo “normal”.

Quando começa a tremedeira, Luzia sabe que Elvis precisa de atenção reforçada. Ela afirma que os sintomas não preocupam tanto porque são “passageiros”, mas indicam o medo do bicho. Conforme o gato fica mais velho, o cuidado também se intensifica.

“A cada quatro anos, é uma reação diferente. Ele está quatro anos mais velho, né, isso me preocupa”, diz.

Petisco e tranquilidade
Enquanto alguns sofrem, tem bicho que não dá a mínima para os ruídos da Copa – e ainda aproveita para ganhar um mimo extra. A cachorra Nina, moradora de Ceilândia Sul, aprendeu a conviver com o barulho.

Segundo a dona, Viviane Fernandes, houve um tempo em que a pet ficava estressada e agitada com os fogos de artifício. Com petiscos e brincadeiras, a família cortou a tensão e evitou o trauma. “Quando ela começa a ter medo, eu pego os brinquedos e distraio”, resume.

Cuidados domésticos
A pedido do G1, a veterinária Marina Zimmermann montou um guia rápido com dicas para evitar o susto de cães e gatos – e para acalmar os bichos, se o barulho for inevitável. As sugestões também se aplicam ao réveillon, às finais de clássicos e a qualquer ocasião que exponha os animais a barulho alto e estresse.

Além do som, Marina recomenda cuidado especial dos donos com os enfeites. Em alguns pet shops, até cola quente é usada na hora de embelezar gatos e cães. A orientação é dar preferência a tintas, roupas e acessórios formulados especificamente para animais.

Confira as dicas:
Para evitar acidentes:

Não prender o corpo do animal com pano ou faixa: a técnica é usada na tentativa de imobilizar o animal, mas pode aumentar a sensação de pânico. Se o pet tentar se soltar, pode acabar se machucando ou mordendo o dono.
Evitar cordas, correntes e espaços pequenos: como reação natural ao barulho, os animais despertam instinto de fuga. Obstáculos mecânicos podem gerar ferimentos ou até o enforcamento do bicho.
Fechar bem janelas e portas: o mesmo instinto de fuga pode fazer com que o pet saia em disparada. Há risco de atropelamento, por exemplo, ou sumiço do animal.
Colocar tela protetora nas piscinas: ainda durante a fuga, animais que não sabem nadar podem cair na água e se afogar.
Para acalmar os pets:

Muito ligados ao cheiro, os cães podem ficar mais tranquilos se estiverem perto das roupas do dono. Quando a família precisa sair, espalhar peças pela casa é uma boa estratégia.
Borrifar infusões com óleos calmantes – camomila, lavanda e capim-limão, por exemplo – também ajuda a acalmar os bichos. O cheiro ajuda, mas é importante evitar que o animal consuma as essências, que podem tem álcool ou óleos sintéticos.
Para a alimentação, há vegetais com efeito calmante que não fazem mal a cães e gatos. As folhas de alface e as bebidas com camomila são exemplos.
Músicas relaxantes – as mesmas usadas para ninar bebês ou acalmar adultos – também surtem efeito nos animais. Além disso, ajudam a abafar o barulho externo.
Com orientação veterinária, também é possível administrar gotas de essências florais na água dos bichos, ou fazer tampão nos ouvidos com algodão. Nestes casos, é importante consultar um especialista.

FONTE: G1.COM

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