Investigação apura se o petebista Jovair Arantes e outros deputados manipularam processos de registro sindical
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-secretário-executivo do Ministério do Trabalho Leonardo Arantes implicou o primo, Rogério Arantes, no esquema de corrupção e fraudes para a liberação de registros sindicais, investigado na Operação Registro Espúrio.
Recém-exonerado do cargo, que é o segundo na hierarquia da pasta, Leonardo disse ter sido procurado por Rogério e uma lobista, com pedido para facilitar a liberação da carta sindical de uma entidade.
Leonardo e Rogério, até então diretor do Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária), foram presos preventivamente em 30 de junho. Os dois são sobrinhos do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), também alvo da operação. Ambos foram exonerados por causa das suspeitas levantadas na investigação.
A PF apura se o petebista e outros deputados manipularam processos de registro sindical. Rogério foi gravado em uma reunião discutindo pagamento de propina de R$ 4 milhões para beneficiar o Sindicato das Pequenas e Micro Empresas de Transporte de Veículos Novos no Estado de Goiás (Sintrave-GO).
No áudio, cujo conteúdo foi revelado pela Folha de S.Paulo, ele promete usar sua influência para que o registro da entidade fosse liberado na pasta. Informa ainda que direcionaria o caso ao então ministro Ronaldo Nogueira (PTB-RS), que deixou o cargo em dezembro do ano passado, e Leonardo.
O diálogo foi em junho do ano passado em um hotel de Brasília e foi monitorado por investigadores. Na ocasião, o empresário Afonso Rodrigues de Carvalho, representante do Sintrave-GO, pediu a ajuda de Rogério para destravar o registro da entidade.
Ele havia denunciado o caso à PF dias antes e gravou a conversa. Foi levado à reunião pela lobista Veruska Peixoto Carvalho, com quem negociava a propina, cujos destinatários seriam o próprio Jovair e também o grupo do deputado Paulo Pereira da Silva (SDD-SP).
No depoimento à PF, prestado em 1º de junho, Leonardo disse que conheceu Veruska há um ano, em um almoço, ao qual foi levado pelo primo. Ele disse ter ficado surpreso com a presença da lobista.
“Na ocasião, foi solicitado por Rogério que fosse agilizada uma carta sindical”, declarou Leonardo. Ele acrescentou que “houve contato de Rogério para a facilitação do processo do Sintrave”, mas ponderou não saber “como seria dividido qualquer valor” e quais “eram os servidores da SRT [Secretaria das Relações do Trabalho] que facilitavam a obtenção do registro sindical”.
O ex-secretário executivo disse ter respondido ao primo e à lobista, durante o encontro, que o assunto não era de sua responsabilidade no Ministério do Trabalho e que “nâo poderia ajudar”.
Leonardo alegou desconhecer a “contrapartida dada e/ou prometida a esses servidores; e que nunca recebeu nada de Veruska”.
A PF, no entanto, sustenta que Leonardo recebeu dela, em fevereiro do ano passado, R$ 2.415 por meio de uma transferência bancária. Questionado a respeito, ele afirmou no depoimento que o valor não consta de seus extratos e que os documentos foram encaminhados ao ministro Edson Fachin, que autorizou a operação.
A reportagem não localizou representantes de Rogério e Veruska na sexta (8). Com informações da Folhapress.
FONTE: FOLHAPRESS
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