No julgamento de Marin nos EUA, defesa interroga testemunha; Grupo Globo diz que não soube do pagamento e que não tolera nem paga propina.
Nesta quinta-feira (30), no julgamento em Nova York, foi a vez dos advogados de defesa do ex-presidente da CBF José Maria Marin interrogarem a testemunha que acusa seus clientes de corrupção. Durante a sessão, foram mostrados alguns documentos entregues pela testemunha à promotoria.
Num deles, aparece o registro de um pagamento de US$ 10 milhões feito pela Globo, referente a um contrato de direitos de transmissão. E, logo abaixo, há o registro de uma transferência de US$ 1 milhão para um ex-funcionário da Rede Globo.
Os advogados de José Maria Marin e os dos dois outros réus no julgamento de crimes de corrupção envolvendo a Fifa chegaram ao tribunal com a missão de interrogar José Eladio Rodriguez.
Eladio Rodriguez era funcionário da empresa argentina de marketing esportivo Torneos y Competencias.
No depoimento que fez na quarta-feira (29), segundo transcrição oficial, Eladio Rodriguez respondeu a perguntas sobre transações financeiras do ano de 2013, registradas em documentos que o próprio Rodriguez passou à promotoria.
Os documentos mostravam pagamentos feitos e recebidos pela empresa holandesa T&T, afiliada à Torneos y Competencias.
O promotor perguntou: “Todas essas transações listadas nesse documento são propinas?”
Eladio Rodriguez respondeu: “Não, há também pagamentos legítimos”.
Nesta quinta, a defesa de Marin se referiu a um dos itens listados no documento, datado de 9 de dezembro e indicando pagamento de US$ 1 milhão à sigla MCP.
Perguntado se MCP seria o atual presidente da CBF, Marco Polo del Nero, Eladio Rodriguez respondeu primeiro respondeu que sim. Só que, pouco depois, se retificou.
A promotoria voltou a interrogar a testemunha no tribunal e exibiu documentos semelhantes aos de quarta-feira, com pagamentos recebidos e efetuados pela T&T.
Num dos registros, consta um pagamento feito pela Globo de um contrato no valor de US$ 10 milhões à T&T.
Logo abaixo, aparece uma outra anotação em espanhol indicando pagamento feito pela T&T a Marcelo Campos Pinto. A anotação diz exatamente o seguinte: “Ctrato c/ vehiculo Marcelo C. Pinto, 1,000,000”.
Em depoimentos anteriores, um outro executivo da Torneos usava o termo veículo para se referir a empresas offshore.
Na sequência, o promotor Samuel Nitze perguntou a Eladio:
Nitze: Quem é Marcelo Campos Pinto?
Eladio: Não sei.
Nitze: De quanto foi esse pagamento?
Eladio: US$ 1 milhão.
Depois, nenhum outro detalhe sobre esse pagamento a Marcelo Campos Pinto foi esclarecido.
Marcelo Campos Pinto foi executivo da Globo responsável por negociar contratos de transmissão de jogos de futebol até novembro de 2015, quando deixou a empresa.
O Grupo Globo divulgou a seguinte nota.
“Sobre a afirmação de uma testemunha no julgamento que acontece em Nova York, de que o ex-diretor do Grupo Globo Marcelo de Campos Pinto recebeu, em 2013, pagamento de uma empresa do grupo Torneos y Competencias, que atua na área de marketing esportivo, o Grupo Globo esclarece que nunca teve conhecimento de tal pagamento. Caso tal pagamento tenha ocorrido foi, evidentemente, contrário aos interesses da empresa. O Grupo Globo reafirma que não tolera nem paga propina”.
A produção do Jornal Nacional tentou, mas não conseguiu contato com Marcelo Campos Pinto.
FONTE: G1.COM COM JORNAL NACIONAL
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