Segundo a consultoria AgRural, agricultores brasileiros plantaram apenas 0,3% da área prevista para a cultura
A falta de chuvas impede um avanço maior do plantio da soja nesta fase inicial da safra nova. Com o tempo seco e quente na maior parte do país, as semeadoras percorreram apenas 0,3% da área, de acordo com estimativas divulgadas nesta sexta-feira (22/9) pela consultoria AgRural.
“Cautelosos, os produtores têm preferido esperar pela chegada e regularização das chuvas, reduzindo assim o risco de ter de replantar parte da área”, diz o comunicado.
A empresa deve revisar em outubro suas projeções para temporada 2017/2018. Baseada em tendências de produtividade, os analistas esperam produção 3,8% menor, de 107,9 milhões de toneladas de soja. A área plantada deve ser 1,8% maior, de 34,5 milhões de hectares.
O que foi plantado até agora está abaixo da média dos últimos cinco anos registrada pela AgRural nessa mesma época, de 0,6%. Na safra 2016/2017, o primeiro levantamento feito pela empresa mostrava 5% semeados, mas a coleta de dados começou uma semana depois, em 28 de setembro.
Nessa fase inicial, o Paraná está ditando o ritmo do plantio. No Estado, segundo maior produtor nacional de soja, a área já semeada representa 1,7% do previsto para a cultura. Em seguida, aparece Rondônia, com 1% plantado.
Em outras regiões, como Mato Grosso do Sul e São Paulo, o vazio sanitário está encerrado e os produtores autorizados a colocar o maquinário no campo. No entanto, ainda é esperada uma melhora das condições climáticas.
“Em Mato Grosso, maior produtor nacional, os agricultores também esperam pela ocorrência de chuvas. “Apenas áreas pontuais foram semeadas até agora, em geral naquelas em que há pivôs e/ou o produtor pretende plantar algodão na segunda safra”, informa a AgRural.
Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgados nesta sexta-feira (22/9), reforçam essa percepção. O plantio chegou a apenas 0,15% da área, o equivalente a 14,1 mil dos 9,41 milhões de hectares previstos. Nessa mesma época no ano passado, tinham sido 112 mil hectares, 1,2% do terreno reservado para a cultura.
A meteorologia já vinha considerando há algumas semanas um cenário de atraso nas chuvas em relação à safra passada, quando o plantio foi mais acelerado. Precipitações podem ocorrer já neste fim de semana em algumas regiões do Brasil, com a possibilidade de favorecer o plantio.
Em entrevista a Globo Rural, no início desta semana, o meteorologista da Somar, Celso Oliveira, avaliou que, com o início da primavera, nesta sexta-feira (22/9), a chuva começa a se espelhar mais pelo Brasil. Ainda assim, o produtor deve ficar atento, já que o clima não pode ser tão favorável quanto o que possibilitou a supersafra 2016/2017.
A previsão é de pancadas fortes a partir de domingo, com regulçarização a partir da semana que vem no sul do Paraná, reiterou Oliveira, em nova conversa com a reportagem, nesta sexta-feira. No Centro-oeste, as chuvas só devem voltar no início de outubro, mas ainda insuficientes para o trabalho de campo.
“A instalação das culturas será lenta em Mato Grosso, com chuvas irregulares nos próximos dias”, diz ele. Já em Mato Grosso do Sul, a xpectativa é de chuvas irregularidades a partir de quinta-feira (28/9). Em São Paulo, deve chover já neste domingo (24/9) em algumas regiões, com precipitações mais intensas a partir da semana que vem.
O Ministério da Agricultura (Mapa) deve divulgar em outubro a primeira estimativa de intenção de plantio para safra de grãos 2017/2018. Pelo menos por enquanto, a pasta não trabalha com um cenário de problemas na janela de plantio da soja. Mas a chegada da água nos próximos dias é fundamental para a manutenção dessa expectativa, acredita o secretário de Política Agrícola, Neri Geller.
“Se a chuva vier até a semana que vem, está dentro da janela. Atrasou um pouquinho se comparado com o ano passado, mas eu não acredito que vai ter um impacto muito forte se seguir a meteorologia, que sinaliza chuva neste fim de semana ou semana que vem”, diz ele.
Também em entrevista a Globo Rural, Geller destaca que no Centro-Oeste, a safra começa a ser plantada entre a segunda metade de setembro e os primeiros dias de outubro. Ele também é produtor de grãos na região central do Brasil.
“Se demorar um pouco mais para chiver pode atrapalhar a segunda safra”, diz ele, reforçando que, por enquanto, a expectativa do governo é de plantio do milho dentro da janela ideal para um bom desenvolvimento da lavoura.
Fonte: Globo Rural
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