No primeiro semestre a entrada do cereal estrangeiro cresceu 11,9% em relação à igual período do ano passado
Os moinhos brasileiros seguem firme na importação de trigo. O desembarque do cereal no primeiro semestre deste ano atingiu 3,086 milhões de toneladas, com um crescimento de 11,9% em relação aos primeiros seis meses do ano passado e o maior volume dos últimos quatro anos para o período.
A importação do cereal custou US$ 567,5 milhões, valor 5,9% acima do registrado no primeiro semestre do ano passado. O preço médio desembolsado pelos moinhos, de US$ 183,89 por tonelada, ficou 5,3% abaixo da média dos primeiros seis meses de 2016 e foi o menor valor dos últimos dez anos.
A Argentina retomou a hegemonia como principal país fornecedor de trigo para o mercado brasileiro, respondendo por 82% do cereal importado pelo Brasil no primeiro semestre deste ano. As importações do cereal argentino cresceram 38% e somaram 2,52 milhões de toneladas, enquanto a receita subiu 19,3% para US$ 464,9 milhões. O preço médio caiu 6,3% para US$ 184,43 por toneladas.
Um dos fatores que contribui para a volta da competividade do cereal argentino foi a eliminação do imposto de exportação pelo governo de Mauricio Macri. A Argentina recuperou o mercado perdido para o Uruguai, que no primeiro semestre de 2014 chegou a exportar 631 mil toneladas para o Brasil, e o Paraguai, que atingiu o maior volume nos primeiros seis meses do ano passado, com 480 mil toneladas.
No primeiro semestre deste ano as exportações de trigo paraguaio para o Brasil recuaram 39,6% para 290 mil toneladas, enquanto o uruguaio sofreu um tombo de 88,8% para 28 mil toneladas. A receita do Paraguai caiu 45,2% para US$ 47,8 milhões e a do Uruguai recuou 88,7% para US$ 5,2 milhões.
Os Estados Unidos, que checou a exportar 1,062 milhão de toneladas para o Brasil nos primeiros seis meses de 2014, época em que o governo zerou a tarifa externa comum de 10%, neste ano vendeu para o mercado brasileiro 213,7 mil toneladas, volume 23,5% superior ao registrado no primeiro semestre do ano passado. A receita dos norte-americanos com a venda do trigo cresceu 22,3% para US$ 43,2 milhões nos primeiros seis meses deste ano.
O aumento das importações de trigo não é uma boa notícia para os produtores brasileiros, que ano passado colheram uma safra recorde de 6,672 milhões de toneladas e viram os moinhos comprar no exterior 6,866 milhões de toneladas.
O governo federal desembolsou R$ 170 milhões para garantir ao produtor o recebimento do preço mínimo de R$ 33,45 por saca na comercialização de 943 mil toneladas do cereal, enquanto a maior parte da safra foi negociada abaixo deste valor. O resultado é que na safra atual, que está na fase final de plantio, a área plantada encolheu 8,8% para 1,93 milhão de hectares, a menor dos últimos anos.
Fonte: Revista Globo Rural
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