BRASÍLIA (Reuters) – Em audiência perante o juiz federal Sérgio Moro, o ex-ministro Antonio Palocci sinalizou interesse de firmar um acordo de delação premiada e afirmou nesta quinta-feira estar à disposição para apresentar “imediatamente” fatos, nomes e operações “que vão certamente ser do interesse da Lava Jato”.
“Fico à sua disposição hoje e em outros momentos, porque todos os nomes e situações que eu optei por não falar aqui, por sensibilidade da informação, estão à sua disposição o dia que o senhor quiser”, disse Palocci a Moro, responsável pela operação Lava Jato em primeira instância, em audiência de processo a que responde por lavagem de dinheiro e corrupção.
“Se o senhor estiver com a agenda muito ocupada, a pessoa que o senhor determinar, eu imediatamente apresento todos esses fatos com nomes, endereços, operações realizadas e coisas que vão ser certamente do interesse da Lava Jato, que realiza uma investigação de importância”, disse o ex-ministro dos governos Lula e Dilma.
“Acredito que posso dar um caminho, que talvez vá lhe dar mais um ano de trabalho, mas é um trabalho que faz bem ao Brasil”, destacou Palocci.
O comentário foi feito no final do depoimento de duas horas em ação penal acusado de favorecer a empreiteira Odebrecht.
Durante a audiência, o ex-ministro negou ter atuado para beneficiar a empreiteira e também rejeitou ter feito qualquer repasse de recursos de forma ilícita para os marqueteiros João Santana e Mônica Moura, que atuaram nas campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (2006) e de Dilma Rousseff (2010 e 2014). Ele foi ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma.
Mesmo tendo negado irregularidades em campanhas, Palocci disse não ter “condições de dizer que nada existiu” em relação a caixa 2. “Não, todo mundo sabe que houve caixa 2 em todas as campanhas”, disse, sem dar detalhes.
Palocci teceu elogios a Moro, a quem afirmou ser um juiz “extremamente rigoroso, mas justo”. “Acho muito importante que a decisão seja feita em fatos justos”, defendeu.
O ex-ministro foi preso em setembro, no curso de uma das fases da Lava Jato. Petistas temem que ele faça uma delação premiada e implique Lula, tido como a principal aposta do partido, numa eventual candidatura presidencial em 2018, para se reerguer politicamente após o impeachment de Dilma e todas as acusações de políticos da legenda na Lava Jato.
Palocci sofreu recentemente revezes no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que rejeitaram libertá-lo.
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