Tais Alcântara de Oliveira foi coagida pelos sequestradores a gravar vídeo em que confessava suposto caso com Marcelinho Carioca e delatava o ex-marido como mandante do crime
Taís Alcântara de Oliveira, a mulher que foi sequestrada com Marcelinho Carioca no domingo (17/12), é amiga do ex-jogador e diz que foi coagida pelos criminosos a gravar vídeo ‘fake’ em que afirmava ter um caso com o ex-atleta. Na gravação, Taís e Marcelo apontam o ex-marido dela, Márcio Moreira, como mandante do sequestro.
Em entrevista ao portal g1, a funcionária da Secretaria de Esportes de Itaquaquecetuba (região metropolitana de São Paulo) afirma que a relação com Marcelinho Carioca, que foi secretário de Esportes da cidade, é apenas de amizade. Os dois foram sequestrados no domingo e resgatados pela Polícia Militar na segunda-feira (18), em uma casa em Itaquaquecetuba, mesma cidade onde mora Taís. Ao jornal, ela disse estar separada do ex-companheiro Márcio Moreira e não manter nenhum convívio com ele, apesar de ainda estar casada no papel.
De acordo com o relato de Taís, o ex-jogador havia prometido entregar-lhe ingressos para o show do cantor Thiaguinho, que aconteceu na noite de domingo. Marcelinho tinha ido na apresentação do dia anterior e os dois amigos conversaram pelas redes sociais. “(Queria ver) se ele conseguia uns convites para o domingo, e aí falou que só conseguia levar para mim se fosse à noite, porque no outro dia ele tinha outra coisa para fazer. Eu falei que não tinha problema. Ele me ligou quando estava chegando e desci para pegar os ingressos”, disse.
A noite do sequestro
Quando Marcelinho chegou à Itaquaquecetuba, Taís entrou em seu carro e os dois deram uma volta pela região, devido ao receio do ex-atleta em manter o veículo de luxo parado no meio da rua. Eles conversaram sobre as coordenadas do show e instruções para a amiga conseguir entrar na apresentação do dia seguinte.
Os amigos retornavam para a casa de Taís quando Marcelo avistou três homens vindo em direção ao carro. “Eu abri a porta e os caras já nos abordaram falando para colocar a mão na cabeça. Ele (Marcelinho) desceu e disse que era o ex-jogador. Os caras não acreditaram. Colocaram ele dentro do carro e deram uma coronhada nele. Me colocaram no banco de trás apontando o revólver para a minha cabeça”, lembrou a funcionária pública.
Marcelinho e Taís foram levados para uma casa e deixados em uma sala. Os criminosos ofereceram água, comida e acompanhavam os dois para usar o banheiro.
Vídeo e transferências bancárias
Segundo a vítima, os sequestradores pediam Pix, principalmente para o ex-jogador. “Entraram na minha rede social, entraram na rede social do Márcio, para saber quem a gente era. A todo momento falavam que iam nos libertar, que era pra gente aguardar um pouco.” Foram feitas transferências bancárias para a conta do grupo.
Na segunda-feira, quando perceberam que a polícia estava prestes a encontrar Taís e Marcelo, os criminosos receberam um áudio, dizendo que a casa das vítimas ‘tinha que cair também’. “Era para inventar uma história do marido que sequestrou, que saiu com mulher casada. Uma pessoa ficou atrás segurando a coberta e outra ficou apontando a arma”, recordou Taís. O vídeo foi publicado nas redes sociais horas antes do resgate.
Resgate de Marcelinho e Taís
Por meio de denúncias anônimas, a polícia conseguiu localizar a casa onde estavam as vítimas. Taís e Marcelo quase não acreditaram que estavam mesmo sendo resgatados, conforme relato dela ao G1.
Na terça-feira, dia seguinte ao resgate, a Polícia Civil indiciou seis pessoas por sequestro, extorsão, formação de quadrilha, roubo, lavagem de dinheiro e receptação. Quatro estão presas e outras duas são procuradas pelas autoridades.
O ex-marido
Márcio Moreira, ex-marido de Taís, foi avisado pelo filho do desaparecimento da ex-companheira na noite de domingo. O autônomo estranhou a situação, visto que não seria do comportamento dela desaparecer. Márcio fez algumas ligações, mas não conseguiu localizar Taís. No dia seguinte, publicou uma foto nas redes sociais e comunicou o desaparecimento, sem no entanto fazer um boletim de ocorrência.
“Quando eu publiquei a foto dela, mais ou menos umas 11h30, começou a chover (comentários). Parece que em questão de instantes minha vida virou do avesso. Foi quando descobriu que ela estava no cativeiro e começou o pessoal mandando mensagem, inclusive pessoas me xingando. Pessoas que eu nem conheço. Foi um transtorno pra mim total”, contou Márcio ao g1.
Quando o vídeo ‘fake’ de Taís e Marcelo foi postado, o ex-marido começou a ser atacado nas redes sociais, por ser o suposto ‘mandante’ do crime.
Em Itaquaquecetuba, porém, não houve suspeitas sobre o autônomo. “A gente sabe a minha índole. Aqui na cidade onde eu moro eu fui abraçado de uma forma inexplicável, porque ninguém apoia pessoas do mal, ninguém apoia bandido, e eles sabendo da minha índole fui superbem tratado nas delegacias. Já sabiam que eu não tinha nada a ver”, ponderou. Apesar disso, Márcio ficou três dias sem trabalhar e preocupa-se com sua segurança. “A gente pode sair e vem um louco aí e confunde a gente: ‘olha o menino ali, o sequestrador’. Pode fazer maldade.”
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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