Jornalista teria até sido atingida de raspão numa perna, segundo lenda que circulou fortemente nos anos 1980
Não tem nem como dizer que Gloria Maria não é mitológica no jornalismo brasileiro. É e ponto-final. Ela chegou a esse nível por conta das centenas — ou seriam milhares? — de reportagens e coberturas importantes que fez ao longo da carreira. E uma das missões de Gloria, no passado, foi acompanhar o então candidato — que seria eleito presidente de forma indireta — Tancredo Neves.
Tancredo havia derrotado Paulo Maluf em votação no colégio eleitoral em janeiro de 1985 e assumiria como presidente em março do mesmo ano. Gloria acompanhava Tancredo algumas vezes e dava notícias dele. E, em 14 de março, um dia antes da posse, Neves foi internado às pressas com dores abdominais e precisou ser operado. O resultado é que José Sarney, vice-presidente, teve de assumir como presidente, uma vez que Tancredo estava internado e ficaria assim por mais de um mês, vindo a morrer mais tarde.
O fato é que o presidente eleito foi internado, e Gloria não estava lá para dar as atualizações sobre seu estado de saúde. Dizia-se que o canal a havia mandado para ser correspondente em um país distante. E surgiu a teoria da conspiração que se espalhou rapidamente — mesmo sem existir internet na época — e que ficou ecoando durante anos. Segundo essa teoria, Tancredo teria, na verdade, sofrido um atentado no dia anterior à posse. Ele teria levado um tiro durante uma missa na catedral de Brasília, num momento em que faltou luz no local. Os militares seriam os autores do disparo, porque não queriam que um civil assumisse o poder. Gloria teria visto tudo isso. E, pior, também teria levado um tiro de raspão numa perna.
Com isso, a Globo, que supostamente seria uma aliada dos militares, teria tirado sua repórter de circulação para abafar o caso.
Vendo hoje, a história toda parece ser bem absurda, certo? Mas, na época, ela circulava com bastante força e sempre deixava uma dúvida grande na cabeça de todo mundo. Porque tudo na história era muito estranho. Tancredo foi operado um dia antes de assumir, Gloria não estava lá, Tancredo morreu… enfim, tudo muito misterioso.
Obviamente a história toda não passa de invenção, mas pegou mesmo todo mundo lá na década de 1980. Glória falou sobre isso anos depois, num programa de TV. Ela disse que não presenciou atentado nenhum e que não estava dando atualizações sobre a saúde de Tancredo porque ele havia sido levado para São Paulo e ela estava no Rio de Janeiro. Assim, o Brasil inteiro não a assistia mais cobrindo o problema do presidente eleito. Mas era apenas uma questão geográfica, nada a ver com pôr panos quentes em cima de um caso escabroso.
É uma teoria que não dá para acreditar hoje, mas que mostra um pouco o nível de popularidade de Gloria. Histórias como essa e outras — como entrevistas com Freddie Mercury, Michael Jackson, salto de penhascos etc. — dão a dimensão do nível mitológico que a jornalista atingiu no imaginário dos brasileiros.
FONTE: R7.COM
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