GloboEsporte.com lista sete pecados que detonaram a ótima fase do time catalão em menos de um mês, e entrevista torcedores e jornalistas
O Barcelona visita o Deportivo La Coruña nesta quarta-feira com um objetivo urgente: espantar a crise que se instalou de forma surpreendente no clube catalão e, em menos de um mês, mudou completamente o status de um time que era considerado por muitos imbatível. Campeão de tudo na temporada passada e até pouco tempo atrás favorito à tríplice coroa de novo, o Barça foi eliminado da Liga dos Campeões e agora se vê na obrigação de conquistar os dois títulos que lhe sobraram: a Copa do Rei, da qual está na final de 22 de maio contra o Sevilla, e o Campeonato Espanhol, onde lidera pelo saldo de gols. A vantagem para o vice-líder, Atlético de Madrid, já foi de nove pontos e caiu por terra após os maus resultados recentes: quatro derrotas, um empate e somente uma vitória nos últimos seis jogos.
MARATONA DE JOGOS
Supercopa da Europa, Supercopa da Espanha, Espanhol, Copa do Rei, Mundial de Clubes, Liga dos Campeões… A temporada tem sido muito desgastante. Os jogadores chegam na reta final apresentando cansaço físico e até psicológico. Se compararmos a quantidade de jogos do clube em relação aos seus grandes rivais na Espanha e aos semifinalistas da Champions, a dos catalães é bem superior. Com seis partidas ainda a serem disputadas, o time de Luis Enrique já soma 56 jogos, 12 a mais do que o Real Madrid.
Semifinalista do torneio europeu e empatado em pontos com o Barça no Espanhol, o Atlético de Madrid tem 44 jogos. O Bayern de Munique disputou 45, e o Manchester City, 52. A participação do trio MSN também é maior do que a dos trios rivais. Somados, os jogos deMessi, Suárez e Neymar são 133. No Bayern, Lewandowski, Douglas Costa e Müller têm 123. E, no Real Madrid, o número de Benzema-Bale-Cristiano Ronaldo é 98. Sem contar os duelos pelas respectivas seleções.
TRIO MSN EM QUEDA
Seis jogos, cinco tropeços. Uma equipe que parece ter perdido o rumo na reta final da temporada. Muito dependente do show do seu trio de ataque, considerado o melhor do mundo, o Barcelona viu a água bater na canela justamente quando seus craques caíram de produção.
Ao todo, o trio MSN marcou 133 gols nos 56 jogos do Barça nesta temporada. O que garante uma média de 2,3 gols por partida. Porém, nos últimos seis jogos, Messi, Suárez e Neymar balançaram as redes em cinco oportunidades, ficando com média de 0,8 por jogo. Se os gols do tridente diminuíram, o número de cartões amarelos chama a atenção. Nestes mesmos últimos seis jogos, foram seis cartões: quatro para Suárez e dois para Neymar.
ABALO REAL
O Barça vinha muito bem até a pausa para ceder seus jogadores às respectivas seleções. Na volta, deu de cara com um Real Madrid instável e, após golear por 4 a 0 no Bernabéu no primeiro turno do Espanhol, entrou como grande favorito no duelo pelo returno, em casa. Até começou vencendo, mas levou a virada de 2 a 1 e, sem reação, acabou derrotado de forma surpreendente. Clássico é clássico, é bom lembrar.
A derrota para o maior rival, diante do maior público da história do Camp Nou, mexeu com a parte mental do grupo, que desde então vem jogando mal. Só venceu a ida contra o Atlético de Madrid na Champions, mas acabou eliminado com o revés na volta.
NEYMAR E A JUSTIÇA
Alvo de investigação dupla, Neymar tem vivido um calvário fora de campo. É investigado na Espanha por corrupção entre particulares, fraude e simulação de contratos, em caso que envolve a transferência do Santos para o Barcelona em 2013. No Brasil, é acusado de crimes de sonegação fiscal e falsidade ideológica (clique aqui e saiba mais). O jogador garante inocência, mas já admitiu que se sente machucado pelos problemas. E muitos acreditam que isso está afetando seu desempenho em campo. No último jogo, por exemplo, Neymar mostrou destempero fora do habitual ao discutir feio com o companheiro Jordi Alba e se envolver em confusões com jogadores do Valencia (veja aqui).
Messi, por sua vez, também teve seu nome envolvido em algumas polêmicas. Ele e seu pai foram acusados pela Receita espanhola de acusação de fraude fiscal. E foi citado na investigação “Panamá Papers”, que indicou a participação do jogador em empresas offshore em paraísos fiscais.
ELENCO DEFICIENTE
Luis Enrique mexe pouco no time e, quando o faz, recebe críticas, como aconteceu no clássico com o Real Madrid. Na ocasião, sacou Rakitic e colocou Arda Turan, que foi mal no jogo. Parece que o treinador não tem confiança no banco de reservas. Por falar em Turan, o turco é o único jogador reserva do atual elenco com condições de mudar o panorama de uma partida. No entanto, atravessa má fase e não vem correspondendo.
De forma geral, faltam opções no grupo. O banco normalmente conta com Adriano, Bartra, Sergi Roberto e afins. Imagina ter que substituir alguém no ataque… Sai um componente do trio MSN para entrar quem? Munir? Tem o meio-campo brasileiro Rafinha, de bom nível, mas que foi atrapalhado por lesões e esteve pouco à disposição. Resumindo: o time titular é muito bom, mas falta qualidade ao elenco.
TIME ACOMODADO
Sempre com a posse de bola e o domínio do adversário, o Barcelona parecia ter o total controle do jogo, a ponto de matá-lo quando bem entendesse. O entrosamento de seus craques dentro e fora dos gramados, a sintonia entre todos os setores e os resultados recentes apontavam o time como favorito diante de qualquer adversário. Veio uma certa dose de acomodação. O título do espanhol parecia mais do que encaminhado. Aí, vieram o empate com o Villarreal e a derrota em casa para o Real Madrid. E a liga ficou mais uma vez aberta. Na sequência, tropeços para Real Sociedad e Valencia. Atlético e Real encostaram de vez.
Na Champions, a partida de ida contra o Atlético de Madrid apontava para algo de errado. Os colchoneros abriram 1 a 0 no Camp Nou, tiveram chance de ampliar, mas Fernando Torres foi expulso ainda no primeiro tempo e estragou o esquema de jogo montado por Simeone. Mesmo assim, com parte da etapa inicial e todo o segundo tempo com um homem a mais, o Barcelona não encaixou seu melhor jogo, venceu por 2 a 1 e deixou vivo o rival na luta por uma vaga na semifinal. Na partida de volta, um desastre em Madri. Baile do Atlético, vitória por 2 a 0 e os catalães perdidos e abatidos.
ABUSO NAS REDES SOCIAIS
Dois jogadores muito regulares no uso das redes sociais deixam os dirigentes do Barcelona preocupados. Daniel Alves volta e meia publica vídeos e frases de efeito. O último deles causou enorme polêmica. Um dia após ser eliminado pelo Atlético de Madrid a Liga dos Campeões, o lateral apareceu de peruca imitando a namorada em discurso para amenizar a importância da queda e contrastando com o momento de tristeza do elenco. Coincidência ou não, foi barrado contra o Valencia, e o Barça acabou perdendo por 2 a 1.
Piqué também usa com frequência as redes sociais. Tem feito transmissões ao vivo no Periscope e levantado questões polêmicas. O assunto já chegou até na seleção espanhola, e o técnico Vicente del Bosque prometeu regular os atletas na Euro. No Twitter também são comuns algumas piadas do zagueiro, principalmente quando o Real Madrid, seu alvo favorito, perde alguma partida. Piqué vem sendo vaiado com regularidade em todos os jogos do Barça fora da casa e até quando defende a Fúria.
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