Triunfo sobre o RB Bragantino confirma terceira colocação do Tricolor no Brasileirão com 70 pontos. Treinador fala em superar a diferença de orçamentos para conquistar títulos
Desde que iniciou a carreira de treinador, Fernando Diniz tem impressionado os aficionados pelo futebol bonito de suas equipes. Em sua segunda passagem pelo Fluminense, o técnico conseguiu ajustar velhos problemas e encerrou o Brasileirão na terceira posição com sete jogos invictos, depois do triunfo sobre o RB Bragantino. Sua ascensão revigora a expectativa do torcedor, que sonha com um 2023 com novas conquistas.
Seja dentro ou fora de casa, o técnico procura sempre implementar um estilo próprio e autoral, diferente do que é empregado no futebol brasileiro. Um dos princípios é baseado em passes curtos, controle de bola e um time ofensivo, que precisa de um goleiro que saiba utilizar os pés para sair jogando sem chutões.
Com um time mais compactado e a aproximação entre as linhas, os atletas passam a ter pelo menos três opções de passe e trabalham os passes curtos como uma roda de bobinho. Com isso, o time faz com que o adversário não tenha e corra atrás da bola. O domínio evita que a equipe seja atacada e ainda faz com que fique mais próxima do gol.
Além da ideia de jogo bem definida, o treinador trabalha muito bem o psicológico de seus atletas. É comum ver jogadores elogiando e indicando que ele sabe extrair o melhor de cada um. A conexão entre os jogadores atrelados ao espírito de luta e jamais desistir são empregados na filosofia que vai além das quatro linhas e se liga à vida humana.
Após o belo trabalho no Audax, Diniz passou a ter oportunidade em times da Série A, mas teimava em não apresentar variações dentro de uma mesma partida. Por vezes, tinha muita posse de bola, mas tornava-se improdutivo por não conseguir transformá-la diretamente em superioridade e gols.
Outro ponto bastante criticado era a fragilidade defensiva de seu sistema. Qualquer deslize na saída de bola deixa o time exposto e enfrentar um adversário que marcasse a saída de bola, geralmente, o complicado como aconteceu na semifinal da Copa do Brasil diante do Corinthians.
De volta ao comando do tricolor, determinados aspectos mostraram evolução e foram importantes para a campanha. O sistema ofensivo foi organizado e, por vezes, letal com um artilheiro inspirado e muito eficiente. O meio de campo padeceu sem um homem a mais para dar sustentação, mas a entrada de Yago deu liberdade para Ganso flutuar e fazer o que sabe de melhor: construir.
A defesa, porém, ainda teve dificuldade, mas longe dos problemas demonstrados em Athletico-PR, Santos, São Paulo, Vasco e na primeira passagem pelo Fluminense. Nino e Manoel formaram uma boa dupla, mas necessitam de reservas jovens e leves para dar dinâmica à saída de bola.
Com 70 pontos, Diniz encerra a temporada de maneira oposta ao seu trabalho no São Paulo. Pela equipe paulista, chegou a liderar o Brasileirão, mas perdeu o fôlego. Agora, o momento é outro e faz com que o tricolor sonhe com um 2023 mais recheado de glórias e que o futebol bem jogado se reflita em conquistas.
– Acho que é possível (conquistar títulos importantes). Só que a gente que está dentro, nós não somos torcida ou comentarista. Temos que ter um dado de realidade e procurar superar as dificuldades que o Fluminense enfrenta. Acho que o time terminou bem. É uma base importante para o ano que vem. Existe um descompasso, uma diferença muito grande no orçamento do Fluminense para os outros candidatos aos títulos. A temporada é longa. Mas temos que trabalhar e é possível – explicou:
– É possível conquistar e é obrigatório sonhar com as coisas. Temos que sonhar como o torcedor sonha, mas temos que trabalhar e superar as realidades. Quem tem que fazer isso é quem trabalha no clube: jogador, comissão técnica e demais funcionários. Fluminense é gigante, como tem outros, mas falando do clube, o orçamento comparado aos de outros gigantes é muito distante. Temos que trabalhar forte, saber da realidade – concluiu Diniz.
FONTE: LANCE
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