Em comunicado, clube admite perda de R$ 78 milhões em 2015, o terceiro ano consecutivo com déficit; diretoria culpa gestão anterior pelo resultado negativo
Desde que vendeu o atacante Neymar ao Barcelona, no meio de 2013, o Santos acumula um prejuízo de R$ 177,5 milhões, valor superior ao de receitas de 2014 (R$ 169,9 milhões).
Dados do balanço de 2015, que ainda não foi analisado pelo Conselho Fiscal, foram divulgados pela diretoria alvinegra nesta quarta-feira, através de um comunicado.
Segundo a nota, que não detalha o que foi arrecadado nem as despesas de 2015, o Santos teve um déficit de R$ 78 milhões no ano passado, superior aos de 2014 (R$ 58,9 milhões) e 2013 (R$ 40,6 milhões), quando começou a atual série negativa.
Antes, em 2012 e 2011 o clube teve saldos positivos: R$ 7,3 milhões no ano da conquista do tri da Libertadores e R$ 14,5 milhões na temporada seguinte.
As contas do primeiro ano de gestão de Modesto Roma Júnior foram influenciadas pela “necessidade de honrar compromissos assumidos pela administração anterior“, diz a nota, sem citar os ex-presidentes Odílio Rodrigues e Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro. Apesar disso, o clube demonstra otimismo “diante do quadro de dificuldades encontrado”.
– O balanço deste ano é muito bom, precisamos ler além do prejuízo. Grande parte é por variação cambial, que você não tem controle – afirmou Modesto.
– Precisamos fazer uma análise de tudo. Esse ano, por exemplo, conseguimos ter, apesar do déficit, um equilíbrio do passivo. Melhorou muito a questão do endividamento – completou.
Os dados estão agora com os membros do Conselho Fiscal do Santos, que precisam emitir um parecer que será votado pelo Conselho Deliberativo. Eles terão de correr, já que os prazos previstos no estatuto foram descumpridos.
O regimento interno determinava que o primeiro parecer fosse emitido até 15 de março. Conselheiros, porém, culpam a diretoria pela demora na entrega dos valores apurados pela auditoria externa contratada. Eles também estranharam a divulgação de detalhes do balanço antes de o colegiado analisar as contas. Tudo tem que ser finalizado a tempo de o balanço ser publicado até 30 de abril, data máxima prevista pela legislação.
Investimentos ruins
Na esteira do sucesso com Neymar, o Santos iniciou uma série de investimentos que não deram o retorno esperado ao clube. Mesmo o atacante vendido ao Barcelona rendeu muito menos aos cofres alvinegros do que se imaginava – além de uma série de acusações de fraudes.
Neymar foi vendido por 17,1 milhões de euros (R$ 56 milhões, à época) – valor que ainda foi dividido com os fundos DIS (40%) e Teisa (5%); o Santos ficou com R$ 28,6 milhões. Outros acordos paralelos ainda foram feitos com os catalães, como a disputa de amistosos e a preferência por três jogadores da base. Tudo isso é contestado na Justiça pelos investidores e também gerou uma investigação da Receita Federal e do Ministério Público contra o jogador, o pai dele e dirigentes, inclusive os do Santos.
O volante Ibson, em 2011, custou R$ 9 milhões. O meia Montillo, dois anos depois, outros R$ 16,2 milhões – contratações que bateram recordes na história do Santos, mas atletas que foram embora da Vila Belmiro sem deixar saudades. Nenhum negócio, porém, é mais simbólico ao atual momento das finanças santistas do que o de Leandro Damião.
O atacante foi comprado do Internacional por 13 milhões de euros, financiados pelo fundo Doyen (o equivalente a R$ 42 milhões na época). Jogou mal, deixou o clube após o primeiro ano de contrato e, emprestado ao Cruzeiro, processou o Santos por atrasos de salários e outras dívidas trabalhistas.
Após longa batalha, em janeiro Damião conseguiu uma liberação no TST (Tribunal Superior do Trabalho) para se transferir ao Betis, da Espanha. O acordo prevê a possibilidade de o Santos ser ressarcido ao fim deste contrato, ou então recuperar o vínculo com o atleta – algo que não interessa ao clube que, por enquanto, também não recebeu nenhuma proposta para vendê-lo.
Pior: nesta semana a Justiça de São Paulo ordenou o clube a pagar R$ 74 milhões ao Doyen, que tem a seu favor uma cláusula que estima em 18 milhões de euros o valor que o clube deve repassar aos investidores no caso de Damião ficar livre no mercado. O Santos ainda não foi notificado, mas deve recorrer da decisão.
– Foi o pior negócio já feito – lamentou Modesto.
A nota publicada pelo Santos nesta quarta-feira estima em R$ 29,8 o impacto das perdas com Damião apenas em 2015.
Fonte: globoesporte
Add Comment