Sete sócios do banco assumem a parte que era de banqueiro preso
SÃO PAULO – O banqueiro André Esteves, preso no último dia 25, está saindo do controle do banco que fundou, o BTG Pactual. O banco informou, em fato relevante nesta quarta-feira, que foi realizada permuta de ações entre Esteves e os Top Seven Partners — grupo composto por Marcelo Kalim, Roberto Balls Sallouti, Pérsio Árida, Antonio Carlos Canto Porto Filho, James Marcos de Oliveira, Renato Monteiro dos Santos e Guilherme da Costa Paes, segundo comunicado.
Os sete são sócios e administradores do Grupo BTG Pactual. A alteração resulta na alteração do controle societário, que passará a ser exercido pelos Top Seven Partners, por meio de sociedade holding constituída pelos mesmos.
Preso na última quarta-feira por supostamente tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato, Esteves detinha 28,4% do capital do BTG. Sua fatia, segundo cálculos do mercado, está avaliada em R$ 6,4 bilhões.
A saída de Esteves é vista como a principal forma de restaurar a credibilidade do BTG. Os fundos de investimentos do BTG sofreram um resgate líquido (saques acima dos aportes) de R$ 8,9 bilhões em apenas três dias. Os dados são do site Fortuna, especializado no acompanhamento dessa indústria, que contabilizou ainda a saída de 4.597 investidores da instituição entre quarta e sexta-feira da semana passada.
Preocupações sobre a liquidez do BTG Pactual após a prisão de Esteves levaram a agência de classificação de risco Moody’s a retirar na noite desta terça-feira o grau de investimento do banco.
Para fazer caixa, o banco informou nesta quarta-feira que vendeu ao fundo soberano de Cingapura GIC ações da Rede D’Or São Luiz de investimento proprietário e de terceiros, em negócio que totaliza aproximadamente R$ 2,38 bilhões.
Luiz Marcatti, sócio da consultoria Mesa Corporate Governance, lembra que a Lei Anticorrupção também responsabiliza a pessoa jurídica quando constatada a prática de atos de corrupção. O que siginifica, explica o especialista, que, caso Esteves seja considerado culpado de tentar obstruir as investigações da Lava-Jato, o BTG também pode ser responsabilizado:
— Em tese, o banco deveria saber o que seu controlador está fazendo e pode ser punido pela Lei Anticorrupção.
No domingo, Esteves renunciou aos cargos de diretor executivo e presidente do conselho de administração do BTG Pactual, após a transformação de sua prisão temporária em preventiva (sem prazo determinado). A informação foi oficializada por meio de nota distribuída pela direção do banco.
O economista e ex-presidente do BC Persio Arida — que assumira a direção interina da instituição no dia da prisão de Esteves — ficou com a presidência do Conselho de Administração. O vice-presidente será John Huw Jenkins, diretor do BTG baseado em Londres.
Segundo o fato relevante do banco, a mudança no controle está sujeita a aprovação do Banco Central.
Fonte: oglobo
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