Consórcio internacional de EPI analisará resultados de avaliações da exposição ocupacional e da lavagem desses produtos;
estudos, feitos no Brasil, versaram sobre contaminação de vestimentas de algodão e poliéster
Com foco no aprimoramento da segurança do trabalho de aplicação de defensivos agrícolas, em lavouras de todo o mundo, Inicou-se nesta semana, na cidade alemã de Limburguerhof, uma reunião do Consórcio Internacional de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura. No primeiro encontro presencial da entidade, após o período mais crítico da pandemia de covid-19, os pesquisadores Hamilton Ramos e Viviane Aguiar Ramos, do programa IAC-Quepia, e o pesquisador Sérgio Monteiro, do Instituto Biológico, representarão o Brasil, a convite do Consórcio Internacional.
O programa IAC-Quepia é uma iniciativa de caráter público-privada com 15 anos de existência. Liderado pelo Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, IAC-Quepia se dedica a estudos, avançados, sobre a qualidade e a eficácia de Equipamentos de Proteção Individual utilizados no Brasil, por profissionais aplicadores de defensivos agrícolas.
Durante a reunião, os pesquisadores brasileiros compartilharão com seus colegas da França, Alemanha e Estados Unidos, resultados de diferentes estudos realizados no laboratório IAC-Quepia, localizado na cidade paulista de Jundiaí. Os dados colhidos pela pesquisa embasam um novo método para avaliação da descontaminação, após lavagens, de vestimentas de algodão e poliéster, que são largamente utilizadas no manejo de agroquímicos.
Atual diretor do CEA-IAC e coordenador do programa IAC-Quepia, o pesquisador Hamilton Ramos ressalta que a reunião debaterá também estudos executados nos países europeus, com ênfase, sobretudo, na exposição de aplicadores de defensivos agrícolas a agentes químicos.
O resultado da reunião, afirmam os pesquisadores, deverá incentivar a adoção de novos critérios para avaliações e certificações de qualidade de EPI à base de algodão e poliéster, produtos que são largamente utilizados no mundo.
“Ao longo dos últimos anos, foram levantadas questões relevantes em relação à quantidade de produtos retida nos tecidos de algodão e poliéster, nos diferentes países que formam o Consórcio. Tais indagações são objeto de discussões que visam a atualizar a norma ISO 27065. Um dos pontos centrais do debate trata da hipótese de um pesticida, fixado nos tecidos de algodão e poliéster, após o fim da vida útil do EPI, chegar à pele do trabalhador rural. Investiga-se também se o EPI com validade vencida pode ser usado como vestimenta comum ou, em contrapartida, se ocasiona um problema ambiental uma vez descartado como lixo comum.”, reforça Viviane Aguiar Ramos.
Selo IAC-Quepia – Hamilton Ramos explica ainda que estudos do IAC-Quepia fornecerão ao Consórcio Internacional informações, atualizadas, envolvendo contaminações e descontaminações dos EPI de algodão e poliéster. Ele afirma que dados obtidos no Brasil, em laboratório, serão apresentados, na Alemanha, comparados a indicadores de análises feitas sobre vestimentas utilizadas, em nível de campo, por três agricultores brasileiros. Estes produtores manusearam turbopulverizadores em áreas de citros. Em seguida, suas vestimentas foram lavadas, em laboratório, seguindo recomendação dos fabricantes.
“É provável que, ao final da reunião, novas diretrizes sejam acrescidas aos critérios, hoje observados no laboratório do CEA-IAC, antes de conceder o selo de certificação de qualidade IAC-Quepia a fabricantes de EPI com algodão e poliéster”, diz Ramos. Ele adverte, contudo, que orientar agricultores e trabalhadores, em relação ao uso adequado dos EPI em estudo, continuará sendo uma atribuição dos fabricantes.
FONTE: ASSESSORIA BUREAU NETWORK FORCE
Add Comment