Teia Digital

Impacto do Auxílio Emergencial deve ser muito menor – Por Silvio Persivo

Grande parte dos que se dizem pensadores não levam isto em consideração. “Todos nós temos uma prodigiosa parcialidade em favor de nós mesmos” (David Hume). 

SEGUNDO O IBGE RONDONIENSES POSSUEM MAIOR O ACESSO À INTERNET

A PNAD  de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) revela que, em 2019, 16,7% dos domicílios rondonienses nãoutilizaram de internet. O índice é bem menor que em 2016: 37,7%. No Brasil, em 2019, a internet não foi utilizada em 17,3% dos domicílios. Também verificou-se que o número de pessoas com mais de dez anos que não utilizavam internet diminuiu 50,7% em Rondônia entre 2016 e 2019. No Brasil, a redução foi de 36,4%. Em Rondônia, no ano de 2019, 44,8% das pessoas com mais de dez anos que não utilizaram internet alegaram que não sabiam usar o serviço, sendo o motivo com maior proporção. A falta de interesse em acessar à internet foi o segundo motivo mais declarado: 36,4%. Por outro lado, o aumento de usuários de internet com mais de 10 anos entre 2016 e 2019 em Rondônia foi de 852 mil para 1,2 milhão. Proporcionalmente, o grupo que mais cresceu foi o de pessoas com mais de 60 anos, que passou de 22 mil para 97 mil usuários. Dos 1,2 milhão de rondonienses com mais de 10 anos que utilizaram a internet no período de referência, 1,18 enviaram ou receberam mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos diferentes de e-mail e 1,11 milhão fizeram chamadas de voz ou vídeo. A PNAD Contínua TIC constatou ainda que 86,8% dos estudantes rondonienses com mais de dez anos utilizaram internet em 2019, índice próximo ao brasileiro: 88,1%. Em relação ao equipamento utilizado para acessar internet, observou-se que a televisão tem ganho destaque. Em 2016, este dispositivo era usado em 4,7% dos domicílios, passando para 20% em 2019. O celular era utilizado em 99,7% dos domicílios com acesso à internet. Além destas informações, a pesquisa revelou que o rendimento médio per capita mostrou-se fator importante para acesso à internet. Enquanto o rendimento médio per capita nos domicílios que havia utilização da internet era de R$ 1.203,00, nos que não usavam internet foi de R$ 785,00. Nota-se  que a renda influencia o tipo de equipamento utilizado para acessar a internet. O menor e o maior rendimentos médios per capita foram identificados nos domicílios que usavam microcomputador (R$ 1.755,00) e nos que usavam tablet (R$ 2.548,00).

ENDIVIDAMENTO E PREÇOS ELEVADOS EM RIO BRANCO REDUZEM O CONSUMO

Segundo a Fecomércio-AC, que realizou uma pesquisa sobre a situação econômica dos cidadãos acreanos de forma virtual entre 18 e 23 de março, foi identificado os grandes efeitos negativos da  pandemia sobre Rio Branco, como a redução da jornada de trabalho e salários e o fim do auxílio emergencial. Como fruto da situação mais de 90% da população rio-branquense apresenta níveis de endividamento elevados e tenta manter as contas domésticas em dia ou com pequenos atrasos. Sobre os preços no mercado de alimentos, 97,3% dos entrevistados responderam que já sentem desconforto, de vez que  uma grande parte da população afirma ter reduzido consumo por conta dos preços elevados de diversos produtos, com destaque para os alimentos. A pesquisa mostra que 59,7% dos entrevistados slrgsm que sua renda mensal não é suficiente para aquisição de bens e pagamento de serviços de alimentação, aluguel, luz, gás, água, etc. Também 69,3% têm contas com mais de 90 dias de atraso; e 90,7% têm pagamentos parceledos nos próximos seis meses.

IMPACTO DO AUXILIO EMERGENCIAL DEVE SER MUITO MENOR 

Uma estimativa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que leva em conta a redução do montante de recursos distribuídos, além de fatores como o comprometimento da renda familiar da população, calcula que o auxílio emergencial este ano deve impactar oito vezes menos a economia. Serão injetados R$ 12,75 bilhões nos caixas do comércio varejista, o equivalente a 31,2% do que for sacado pela população. Em 2020, o valor destinado ao consumo no varejo foi de R$ 103,8 bilhões, 35,4% dos recursos do benefício. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, afirmou que, apesar de a redução do benefício impactar o setor, o pagamento do auxílio é sempre uma medida positiva para estímulo da economia e dá garantias à população. Ele acrescenta ainda que outros fatores corroboram a oscilação do poder econômico durante o período de crise. “É preciso observar que a partir de setembro, quando o auxílio foi reduzido à metade, o varejo conseguiu manter as vendas aquecidas. Isso porque há fatores que também impactam a capacidade de consumo da população, como o nível de isolamento social, as condições de crédito e a inflação”, explica Tadros, lembrando que os períodos mais dramáticos para o comércio são os de determinação de lockdown.

ALTO COMPROMETIMENTO DA RENDA DESVIA RECURSOS DO CONSUMO  

As estatísticas do Banco Central mostram que o comprometimento da renda das famílias, que já se situa em nível recorde, porém, aumentou ainda mais ao longo do 1º trimestre de 2021. É também da  CNC uma estimativa de que esta proporção tenha atingido 30,3% da renda das famílias, praticamente um terço da renda familiar. Assim, a tendência é que,  até mesmo proporcionalmente, os novos recursos do auxílio emergencial tenham outra destinação que não a de consumo de bens.

AUTOR: SILVIO PERSIVO –  COLUNA TEIA DIGITAL

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