O barco tem que seguir. “Me perguntas por que compro arroz e flores? Compro arroz para viver e flores para ter algo pelo que viver” (Confúcio).
A INSENSATA POLITIZAÇÃO DA PANDEMIA
O medo é um péssimo conselheiro. E a politização da pandemia um verdadeiro crime que a falta de visão ajuda a radicalizar. Culpar qualquer autoridade pelas mortes do coronavírus é querer negar que, num momento como este, com um vírus novo e mutante, nada do que se faça pode ser considerado adequado. Não há, o que as pessoas desejam, como assegurar imunidade contra o vírus, com vacina ou não. Biden que, seis meses atrás, cobrava um plano contra a Covid-19 de Trump, é o mesmo que, agora, ao assumir, diz não existir forma de mudar a trajetória do vírus durante muito tempo. O que mudou? O discurso. É fácil cobrar, dos outros, ações, mas, ser responsável por elas é outra coisa. A questão real é que as pessoas querem que os outros resolvam seus problemas e, numa pandemia, não há como impedir as mortes. Elas acontecem quaisquer que sejam as medidas tomadas. E não se tem, até agora, como assegurar o que é certo ou errado. E quando, como no Brasil, se politiza ainda fica mais difícil de se implantar uma política, pelo menos, de razoável aceitação. É um jogo ruim, de empurra, empurra, que contribui para fazer a situação piorar ainda mais. Mas, a política, ou, a politicagem, é feita pela luta pelo poder e não é guiada pelo bem estar da população.
UMA CONTA QUE NÃO FECHA
A maluquice é tão grande que não se raciocina com números. Se raciocina por ser pró ou contra, de uma forma grotesca, com o número de infectados e de mortes. E o número de recuperados? E as condições de cada país? E o que faz com que algumas pessoas sejam imunes? Isto não interessa como argumento. Como há muitos fatores que podem influir, ou não, na disseminação, bem como há as diferenças de tamanho da população. No Brasil, por exemplo, os jornais, a toda hora, apontam a Argentina como exemplo, mas, nosso vizinho possui uma população de 45 milhões de pessoas e teve, até agora, 46.827 mortos. Bem, o Brasil, com uma população de 211.755.692, com uma população 4,5 vezes maior, teve 217 mil mortes, ou seja, se multiplicarmos o número de mortos da Argentina por este número para ficar com uma população igual a do Brasil nós teríamos lá 210.722 mortos, ou seja, os números não são muito diferentes, mas, aqui a política pública é um desastre, segundo dizem. Se, por exemplo, formos comparar as mortes por milhão de habitantes, a Argentina, neste dia 25, possui cerca de 1.041 mortes por milhão de habitantes, enquanto o Brasil tem 976 por milhão de habitantes. Interessante é que agora mesmo o presidente de Portugal foi reeleito. O país tem, segundo dizem, uma política eficiente contra o vírus. Morreram por lá 10.469 pessoas. Se formos levar em conta que a população de lá é 20,5 menor, então, se tivesse uma população do tamanho da brasileira teria tido 215.138 mortos! E se formos olhar em mortos por milhão, são lá 983 acima do Brasil também. O que pretendo dizer com isto? Que cada caso é um caso e as realidades são diferentes. Também que não há uma política correta estabelecida para o novo coronavírus, nem se tem, de fato, bases científicas para qualquer tipo de ação que seja tida como adequada. Países que adotaram políticas diferentes não tiveram resultados muito diferentes. Em suma, usar a ciência como argumento para forçar a se adotar políticas públicas não tem base científica sólida. Qualquer que seja ela.
NÃO JULGAR O QUE NÃO SE SABE JÁ É UM BOM COMEÇO
Enfim, o que desejo escrever é que as pessoas que não tem noção de coisas elementares, como conhecimentos médicos, de estatísticas, do uso de indicadores, não deveriam estar opinando, sem conhecimento, sobre o avanço do novo coronavírus no Brasil. Se é tão grave como dizem, ou não. Se, de fato, a imprensa distorce ou não. As mortes por milhão de habitantes pode ser um indicador de que não, mas, a questão é complexa, pois, os países estão em fases diferentes da pandemia; existem as diferenças populacionais, como idade, composição e densidade demográfica, que impedem uma comparação melhor; e, por fim, o nível de testagem no Brasil, que é bem menor do que de outros países, o que nos leva a crer na subnotificação de infectados. Também, em muitos casos, existe, comprovadamente, a notificação de mortos por coronavírus que não deveriam ter sido incluídos, que não se sabe o tamanho. E é incontestável que a imprensa, a grande imprensa, em especial, não busca esclarecer. Existe um claro direcionamento anti-governo que, com razão ou não, gera ruídos que complicam ainda mais qualquer análise séria. Não creio que, no médio prazo, talvez no longo, se possa ter capacidade de analisar quem acertou ou errou. Agora todo julgamento é precipitado.
A REALIDADE DIFÍCIL
Mas, é evidente, que o bom senso não vai voltar a imperar tão cedo. A morte, apesar de inevitável, não é o desejo de ninguém vivo. E quando alguém morre há um sentimento natural de perda, de dor e de impotência- o que é uma coisa que o vírus nos trouxe e difícil do ser humano suportar. E são muitas mortes de pessoas próximas, amigas, conhecidas. Perdi o Carlos Toledo, meu médico e amigo de décadas. Vi ir embora pessoas que pareciam iriam viver por aí muito mais tempo, como o Flodoaldo Pontes Pinto ou a matriarca Inácia Cavalcante. No domingo foram o Marcelo Bennesby e o Armando Moreira, um curitibano mais conhecido como executivo da Agência de Desenvolvimento de Porto Velho, mas, para nós, confrades do Buraco do Candiru, um de nós, um membro querido da confraria. Que a vida fica mais pobre fica, porém, como dizem os artistas, o espetáculo tem que continuar. E não se vive sem fazer coisas, sem comércio, sem produção, sem circulação de bens, então, com a realidade, difícil ou não, temos que continuar a lidar com a vida, temos que viver. Com precaução, mas, seguir em frente é essencial. O mundo não vai parar por causa do vírus, com certeza. Novos dias virão.
ARRECADAÇÃO, NO ACUMULADO, CRESCEU, EM 2020, NO AMAZONAS
A Sefaz do Amazonas (Secretaria de Estado da Fazenda) divulgando que a receita tributária estadual foi mais alta, em dezembro de 2020, em todas as comparações, com dezembro 2019. Assim os impostos, taxas e contribuições somaram R$ 1,23 bilhão, em termos nominais, com altas de 3,11% sobre o mesmo mês de 2019 (R$ 1,07 bilhão) e de 1,65% sobre novembro de 2020 (R$ 1,21 bilhão). O acumulado subiu 8,08% em preços correntes, com R$ 12,22 bilhões (2020) contra R$ 11,31 bilhões (2019), o que, descontada a inflação, representou uma queda de 1,35% na variação mensal e alta de 4,64%, na anual. Segundo ainda a Secretaria o desempenho em dezembro superou os números esperados pelo fisco estadual, que estimava encerrar o mês com expansão acumulada de, no máximo 7% em preços correntes, o que equivaleria a um acréscimo de 3% sobre a base de comparação de 2019. Convenhamos que, com os problemas do coronavírus e, por decorrência, a queda que a indústria teve não deixa de ser um resultado muito bom.
AUTOR: SILVIO PERSIVO – COLUNA TEIA DIGITAL
- A opinião dos colunistas colabiradores não reflete necessariamente a posição da Folha Rondoniense
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