País registrou a marca nesta quarta-feira (8), quase 8 meses após a primeira notificação; especialistas apontam subnotificação por falta de testes
O Brasil ultrapassou a marca de 5 milhões de casos confirmados de covid-19 desde a primeira notificação da doença, em 26 de fevereiro, nesta quarta-feira (7), de acordo com o Ministério da Saúde. Entretanto, especialistas ouvidos pelo R7 afirmam que essa quantidade é, no mínimo, três vezes maior.
Alessandro dos Santos Farias, professor do Instituto de Biologia e Coordenador da Frente de Diagnóstico da Força-Tarefa de enfrentamento ao novo coronavírus da Unicamp, faz essa análise por causa da falta de testes em massa e com base em outros dados, como a letalidade no país, que está em 3%, segundo o ministério.
“Pode ser muito maior, mas pelo menos em torno de 3 vezes maior porque estamos em 3% de letalidade e a média [mundial] é 1%. Aí, você tem que assumir que o vírus é muito mais agressivo no Brasil ou que houve um colapso total no sistema de saúde. Mas isso não aconteceu. Então a taxa de mortalidade é irreal”, afirma.
A taxa de letalidade é calculada por meio da divisão do número de mortes por covid-19 pelo número de casos confirmados da doença.
Ele destaca que essa discrepância acontece por causa da falta de testes de diagnóstico, que leva a uma subnotificação no número de casos e mortes por covid-19.
“Basicamente, falta testagem. É normal você ter subnotificação durante uma pandemia, ainda mais em um país do tamanho do Brasil. Mas, na minha visão, a subnotificação está bem acima do normal porque não testamos”, avalia.
“Por exemplo, Minas Gerais escolheu não testar no começo da pandemia e investir só em leitos de UTI. Não há uma estratégia de controle. Nós começamos a testar 2, 3 meses depois que o vírus já estava alastrado no país”, acrescenta.
Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp e consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), concorda com Farias.”Esse número [de casos] pode ser três vezes maior, porque para cada diagnosticado nós temos de 3 a 5 pessoas que não fazemos diagnóstico e isso acontece porque a gente não tem disponibilidade para testar todo o mundo”, analisa.
FONTE: R7.COM
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