Depois de se acertar com Hypera Pharma, clube buscará acordo com Odebrecht e Caixa
A Neo Química Arena teve seu jogo de batismo no último sábado, no empate por 2 a 2 entre Corinthians e Botafogo, mas os desdobramentos dos naming rights da Arena ainda estão longe do fim.
O Timão tem pendências a resolver tanto com a Caixa Econômica Federal quanto com a Odebrecht. Com a construtora, a expectativa do Corinthians é de que as conversas evoluam nas próximas semanas.
A construção da Arena teve custo total de R$ 1,15 bilhão. Os valores iniciais eram os seguintes:
- Caixa e BNDES – R$ 400 milhões
- Debêntures (títulos emitidos para financiar a obra) da Arena Itaquera – R$ 400 milhões
- Odebrecht – R$ 350 milhões
O contrato de naming rights ajudará o Corinthians a equacionar o pagamento do financiamento da Caixa, agente repassadora do dinheiro que partiu do BNDES. A renegociação de valores e condições com a Caixa ainda está em andamento.
A Arena Itaquera é uma empresa da Odebrecht. A construtora passa por um processo de recuperação judicial, e a Assembléia Geral de Credores para aprovação do plano de recuperação acontece nesta terça-feira, depois de ter sido adiada em agosto. A recuperação judicial definirá o valor devido e as condições de pagamento desta dívida.
O Corinthians aguarda a Assembleia para só então sentar e negociar um acordo com a Odebrecht. Segundo o presidente Andrés Sanchez, trata-se de uma “pequena parte” ainda pendente. O valor atualizado da dívida e a obrigação que compete ao Corinthians são dúvidas.
Por fim, falta a parte que a própria Odebrecht colocou em dinheiro nas obras. Neste aspecto, a entrega dos CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento) para a construtora deve facilitar um acordo que isente o Corinthians de responsabilidades adicionais.
A redução da dívida com a Odebrecht foi possível graças ao repasse dos CIDs à construtora e ao abatimento dos valores de obras não realizadas e de juros e encargos, que a construtora trata como “quitação”.
No ano passado, a Odebrecht informou por meio de nota oficial: “(…) que assinou um memorando de entendimentos com o Corinthians que define os termos para solucionar as dívidas do projeto Arena junto à Odebrecht Participações e Investimentos, empresa controlada pela Odebrecht S.A.Também foi assinado um termo entre a Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) e o Corinthians, que resulta em quitação mútua entre as partes para a construção da Arena.Os termos destes acordos são protegidos por cláusula de confidencialidade”.
Em agosto do ano passado, Andrés Sanchez anunciou aos conselheiros do clube que a dívida com a Odebrecht não passaria dos R$ 160 milhões, mas ainda não é possível cravar o valor exato e nem qual será o prazo para a quitação. Também não se sabe se o dirigente se referia à dívida com a construtora ou às debêntures. Tudo isso ainda será discutido.
– Com a Caixa, estamos conversando. Mandamos todos os contratos de naming rights e eles sabem que o Corinthians é o único que está pagando (pelo estádio financiado). Já a Odebrecht falta uma pequena parte, podemos chegar a um denominador comum em breve – disse Andrés, no último domingo, à Fox Sports.
– Com a Odebrecht, há ajuste que depende da decisão judicial no juízo. Para saber se haverá saldo remanescente. Se houver, teremos saúde financeira para quitar e ter a Arena resolvida – disse recentemente o diretor jurídico do clube, Fábio Trubilhano.
Com a Caixa, os números estão na mesa. O banco estatal executou a dívida pelo financiamento do estádio na Justiça, cobrando R$ 536 milhões, mas o processo está atualmente suspenso. O caso se arrasta há quase um ano.
As partes estão buscando um acerto há meses, e a suspensão do processo já foi prorrogada mais de uma vez. O clube discorda do valor cobrado judicialmente e tenta diminuí-lo. O banco, por sua vez, espera receber. Com o acordo com a Hypera Pharma, a tendência é de que o acordo, enfim, saia.
– A Caixa tem ciência dos naming rights, e negociações estão sendo conduzidas para definir o valor devido e a forma como haverá os pagamentos em harmonia com o fluxo financeiro do faturamento da Neo Química Arena, que agora inclui os naming rights – disse Trubilhano ao ge.
– A Arena faturava às vezes o suficiente para pagar a dívida mensal com a Caixa, às vezes não. Quando não era possível, tinha multa e se tornava uma bola de neve. Por isso, a discussão dos juros e as divergências com a Caixa. Com esse contrato, o fluxo financeiro fica positivo, conseguiremos pagar – havia dito o próprio diretor em entrevista coletiva na semana passada.
As diretorias vão se reunir nas próximas semanas para equacionar os valores.
Durante o evento de lançamento dos naming rights, o presidente Andrés Sanchez chegou a citar que haveria mais a ser feito. O dirigente vive a expectativa de resolver todas as pendências antes de 28 de novembro, data da eleição presidencial do clube.
Faturamento
Uma das tentativas do Corinthians vai ser voltar a acessar pelo menos parte das receitas do estádio futuramente. Com o valor de R$ 300 milhões dos naming rights amortizando parte da dívida, a expectativa da diretoria é de passar a usar pelo menos parte da bilheteria no futebol, quando os jogos voltarem a ter público.
Até então, o dinheiro era todo repassado para abater o valor do financiamento do estádio. Quando a Caixa entrou na Justiça, no ano passado, depois de atraso no pagamento das parcelas, o Corinthians suspendeu a quitação do débito.
FONTE: GLOBOESPORTE.COM
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