Rondônia deverá buscar o quanto antes o mapeamento de novos mercados para ampliar suas exportações. A recomendação foi feita pela Agência Nacional de Promoção de Exportações (Apex) no estudo de inteligência comercial divulgado sexta-feira (6) pela Federação das Indústrias do Estado (Fiero).
“Nosso mercado interno é pujante, crescemos, mas carecemos de políticas públicas que permitam agregação de valores”, reivindicou o superintendente da entidade, Gilberto Batista.
São relevantes os números do Perfil Exportador de Rondônia (nome do estudo da Apex) apresentados pelo economista Manoel Franco Júnior: a exportação de madeira desdobrada teve crescimento médio de 28,7% no biênio 2013-2014; a extração de minerais metálicos não ferrosos 52,6%; produtos de madeira, cortiça e material trançado, exceto móveis, 18,6%.
Atrás do Pará e do Amazonas, Rondônia é o terceiro estado exportador da região norte brasileira e o 15º do País, com US$ 1,082 milhão entre 2008 e 2014. Seu volume de negócios cresceu 10,9% nesse período e 4% no ano passado.
O secretário estadual de agricultura, Evandro Padovani, está satisfeito com os resultados, apontando carne bovina e lavouras temporárias como responsáveis por 87% da pauta estadual. Exportações de carne, com 28,9% ocupam o primeiro lugar, e de soja o segundo, com 18,4%. Segundo ele, o governador Confúcio Moura tem apoiado permanentemente o setor, criando incentivos à agroindústria, seja pequena, média ou grande.
Padovani e a Fiero identificam gargalos: produtos do setor moveleiro recebem valor agregado em Santa Catarina e deixam o País como se fossem inteiramente produzidos lá. Carne com osso segue para São Paulo, que faz a desossa e aumenta tributos. Um ensaio para a comercialização do peixe tambaqui com a China deverá começar brevemente.
Tem compradores sobrando. É hora de repensar a ampliação dos arrozais no estado. Atualmente, o arroz semibranqueado ou branqueado (85%), mesmo polido ou brunido (glaceado, 85), e o quebrado (15%), trinca de arroz, abastecem apenas a Bolívia, cujas importações somaram US$ 4,01 milhões em 2013. Se melhorarem as safras, Rondônia terá à disposição outros mercados mundiais, destacando-se o Irã, que adquiriu 2,4 milhões em 2013; Arábia Saudita, 1,3 milhão; e China, 1,05 milhão.
Em 2014, as exportações brasileiras de arroz totalizaram 929,9 mil toneladas. Cuba adquiriu US$ 57,05 mil, Venezuela 51,8 mil, Senegal 37,4 mil, Bolívia 29,1 mil, Serra Leoa, 27,6 mil, Gâmbia 26,2 mil, Nicarágua, 24,9 mil, Peru 19,7 mil, Benin 17,3 mil, Iraque, 14,8 mil, Angola 13,4 mil, Turquia 11,6 mil, Estados Unidos 9,4 mil, Suiça, 8,9 mil, Costa Rica, 8,4 mil; outros países 34,9 mil.
OPORTUNIDADES
Para análise de oportunidades, o estudo aponta os seguintes grupos: madeira, arroz, carne de frango in natura, móveis e couros. O couro de bovinos (90%) e de répteis (10%) experimentou oscilações: as vendas saltaram de US$ 11,5 milhões em 2006 para US$ 34,9 milhões no ano seguinte, caindo em 2010 para US$ 13,7 milhões e par apenas 1,4 milhão em 2014.
Em 2012, Rondônia vendeu artigos de moda de couro para China, Itália e Hon Kong, nessa ordem. China e Itália compraram também móveis estofados em couro. No entanto, o estudo indica negócios com Bangladesh, China, Estados Unidos e Mianmar (Birmânia), cujos importadores são todos classificados como médios e grandes. Coreia do Sul e México são os principais concorrentes de Rondônia.
“Há muitas oportunidades a serem aproveitadas”, analisa Manoel Franco Júnior: “Em 2011, por exemplo, os EUA importaram US$ 32,1 milhões em móveis, a França, 7,8 milhões, e os árabes, 1,08 milhão”.
FOMENTO
Esforço de identificação e fomento do governo estadual apoiado pela Fiero possibilitaria a ampliação do leque para madeiras. Estas conquistariam clientes na Arábia Saudita, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, França, México, Paraguai, Peru.
Empresas da Bolívia, Espanha e Peru importaram em 2014 colchões (68%) e pré-fabricados de madeira em Rondônia: de US$ 244 milhões em 2004, os negócios subiram para 575 milhões.Em 2013, Rondônia exportou US$ 58,2 milhões em madeira (serrada, compensada, laminada e manufaturada) para África do Sul, Alemanha, Argentina, Bélgica, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Coreia do Sul, Chile, China, Estados Unidos, França, Haiti, Índia, Itália, Israel, Japão, Kuwait, Moçambique, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
Nesse segmento, há oportunidades para vender melhor à Alemanha, Colômbia, França e Suécia. Enquanto não forem ampliadas as vendas, Rondônia continuará sentindo a forte concorrência das próprias fábricas alemãs, belgas, equatorianas e polonesas.
MAIOR CLIENTE
Dados do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio indicam as exportações rondonienses: Europa – US$ 261 mil (24,1%); América do Sul – US$ 252,2 mil (23,3%); Ásia – US$ 192,6 mil (17,8%); Leste Europeu – US$ 150,3 mil (13,9%); África – US$ 89,6 mil (8,3%); América do Norte – US$ 70,9 mil (6,6%); Oriente Médio – US$ 32,5 mil (3,3%).
O maior comprador latino-americano de produtos rondonienses é a Venezuela, que deixou o segundo lugar em 2009 para assumir o primeiro em 2014, com US$ 215,9 mil.
Na totalização do ano passado, seguem-se: Hong Kong, US$ 154,7 mil; Rússia, US$ 122,5 mil; Holanda, US$ 99,1 mil; Espanha, US$ 93,6 mil; Egito, US$ 80,2 mil; Estados Unidos, US$ 54,1 mil; Turquia, US$ 26,4 mil; Japão, US$ 22,2 mil; Irã, US$ 21,1 mil; Itália, US$ 19,4 mil; França, US$ 18,8 mil; Bolívia, US$ 16,4 mil; México, U S$ 16,2 mil; China, US$ 14,3 mil.
Outros países importaram US$ 106,8 mil.
Fonte:Sesdec
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