O Ministério da Saúde atualizou para 291 o número de casos de coronavírus no Brasil na tarde desta terça-feira. É um aumento de 57 contágios em relação ao último boletim epidemiológico, que indicava 234 infecções em território nacional. Além disso, houve uma morte — anunciada nesta terça — no estado de São Paulo.
Se compilados os dados divulgados pelas secretarias estaduais de Saúde de todo o país, no entanto, o número chega a 314. Nem todos os casos foram contabilizados pelo ministério, uma vez que algumas notificações são comunicadas ao governo federal após o fechamento das estatísticas diárias.
O diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Júlio Croda, acredita que o número de mortes em razão do novo coronavírus vai aumentar nos próximos dias.
Já o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que não é possível ainda calcular a letalidade. Outras mortes suspeitas estão sendo investigadas.
— Os óbitos devem se iniciar a partir de hoje. Provavelmente isso vai aumentar nos próximos dias. Já temos 17 unidades da federação com casos confirmados — disse Croda.
Segundo o último boletim do Ministério da Saúde, com dados atualizados até as 16h desta terça-feira, há 291 casos confirmados no Brasil. Os locais mais afetados são os estados de São Paulo, com 164 casos, do Rio de Janeiro, com 33, e Distrito Federal, com 21. As cidades do Rio e de São Paulo são as únicas ainda com transmissão comunitária, em que não é possível identificar como uma pessoa pegou o vírus.
Mandetta estimou que, se mais de 50% das pessoas adquirirem imunidade ao vírus, o Brasil vai volta a uma situação de normalidade em agosto ou setembro. Ele também disse que está tentando aumentar a capacidade do sistema público de saúde, mas destacou que nenhum sistema no mundo está preparado para uma situação como a atual.
— Essa é uma doença que tem abalado os sistemas de saúde do mundo inteiro. Não existe nenhum país do mundo com um sistema de saúde 100% preparado para ser em massa acionado para testes, diagnósticos, isolamento, internações hospitalares, para internações em leitos de CTI (centro de terapia intensiva). Estamos vendo países de primeiro mundo tendo problemas graves em relação a colapso de sistemas de saúde. O Brasil tem um sistema de saúde minimamente consolidado, em todas essas cidades de grande porte, e nós estamos procurando aumentar a capacidade instalada desses sistemas — disse Mandetta.
Mandetta recomendou que não sejam levadas muitas crianças ao contato com os idosos, que são o grupo mais vulnerável.
— Cuidem dos idosos. É hora de filho e filha cuidar de pai, mãe, avó, tia-avó. Não levar sistematicamente (crianças). Muitas crianças são assintomáticas.
Transmissão comunitária
Segundo o Ministério da Saúde, há 25 casos de transmissão comunitária, dos quais oito no Rio e 17 em São Paulo. Outros sete estão em investigação: seis no Distrito Federal e um em Sergipe.
Além disso, há 92 casos de transmissão local, em que a pessoa pegou o vírus no Brasil, mas é possível identificar a origem da infecção. Deles, 80 são em São Paulo. Há ainda casos no Mato Grosso do Sul (3), dois em Rio de Janeiro (2), Pernambuco (2) e Bahia (2), no Distrito Federal (1), Mato Grosso do Sul (1) e Santa Catarina (1). O restante é de casos importados, ou seja, contraídos no exterior.
De todos os casos confirmados, 28 estão hospitalizados.
Critérios para notificação vão mudar
Mandetta afirmou que a maneira de notificação na plataforma da pasta será alterada, o que levará a um aumento ainda mais rápido no número de casos suspeitos do que o esperado.
Ele explicou que, no início, o próprio ministério fazia a investigação caso a caso, para verificar se o perfil do paciente e seu quadro de saúde se encaixavam no critério adotado. Depois, as secretarias estaduais passaram a fazer isso para só depois notificar.
Agora, segundo Mandetta, com a ocorrência de transmissão sustentada em São Paulo e no Rio de Janeiro, e a perspectiva de outros locais começarem a ter esse tipo de contágio, em que não é mais possível traçar a cadeia da infecção entre as pessoas, a velocidade de registros aumenta e as notificações começam a “engarrafar”. Ele afirmou que há casos, por exemplo, em que o registro já foi informado, mas não está lançado como caso suspeito no boletim da pasta.
Para otimizar as notificações, então, será usado um algoritmo que incluirá todos os casos notificados como suspeitos e, depois, ele poderá ser retirado do boletim epidemiológico, como caso descartado:
— A partir de hoje, vamos determinar às secretarias que se utilizem do algoritmo, do sistema automático, que a partir do momento em que entrar ali, a gente assume caso suspeito. Eles fazem a investigação, e depois a posteriori a gente vai limpando aqueles que eventualmente não tinham nexo com o caso. O que, nos nossos testes, mais ou menos 5% são posteriormente retirados. Mas 95% já guardam nexo com o que é notificado.
O Ministério da Saúde informou que 5.226 médicos com registro profissional no Brasil já se inscreveram no Mais Médicos. O edital do programa prevê 5.811 vagas. A pasta também anunciou a prorrogação da inscrição.
Mandetta também pregou o uso da telemedicina para o atendimento de pacientes. E incentivou o voluntariado nas ações de contenção ao vírus.
FONTE: EXTRA
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