Considerada um das condições mais incapacitantes, a dor lombar pode ser ainda pior quando os sintomas são negligenciados. É o que aponta o estudo publicado recentemente pela revista científica “The Lancet”, segundo o qual 540 milhões de indivíduos sofrem com dor nas costas – e a maioria dos pacientes recebem tratamento errado. A pesquisa foi conduzida por cientistas de 12 países e revelou que taxa de incapacidade causada pela dor lombar aumentou 50% desde a década de 1990.
Não existe um fator específico que desencadeia o problema, considerado mais um sintoma do que uma doença. Emoções como estresse e ansiedade podem hipersensibilizar o sistema de alarme da dor e isso faz com que a percepção de desconforto e incapacidade seja exacerbada em pacientes com lombalgia, que atinge principalmente os adultos. “A chave para o tratamento é uma conversa profunda”, diz Lucíola Menezes Costa, doutora em fisioterapia e líder da pesquisa no Brasil pela Unicid. Um dos erros mais comuns, segundo ela, é solicitar de forma excessiva exames por imagens, que não vão mudar a conduta terapêutica do doente. Os cuidados que ele terá não serão alterados pelo resultado. Além disso, faltam medidas eficientes para investigar os sintomas e o uso de opioides (drogas que atuam no sistema nervoso central para aliviar dores fortes) e cirurgias cresce desenfreadamente. “Precisamos desafiar o paciente a uma nova educação. A intervenção cirúrgica não pode ser a primeira opção”, afirma. Para a especialista, porém, o poder de escolha sobre como lidar com a dor muitas vezes não é acertado com o paciente.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a dor nas costas é a maior causa de afastamento do trabalho em pessoas com menos de 45 anos. O estudo publicado na semana passada mostrou que a maioria das crises de dor lombar é de curta duração. Porém, quando acontecem de maneira recorrente, um terço dos pacientes terá dor novamente em menos de um ano – condição que pode ser classificada como duradoura. Os pesquisadores também chamaram atenção para os sistemas públicos de saúde, que deveriam oferecer terapias mais eficazes e acessíveis à população. Com isso, o prognóstico e a eficácia nos tratamentos seria muito mais eficiente. Segundo o estudo, o descanso é frequentemente recomendado em países de menor poder aquisitivo, onde os recursos para melhorar a ergonomia nos locais de trabalho são escassos.
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