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51% de pacientes graves de Covid-19 podem apresentar perda de memória, diz estudo

Na edição desta terça-feira (8) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes avaliou as sequelas causadas pela Covid-19, principalmente no cérebro humano.

Uma pesquisa iniciada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) em 2021 estuda os efeitos cognitivos da doença em mais de 400 pacientes, submetidos a uma bateria de exames e testes psicológicos durante seis a nove meses após deixarem o hospital. Entre os relatos, a perda de memória foi mencionada em 51,1% dos casos.

Neste grupo, 15% dos pacientes também relataram a aparição de sintomas de ansiedade, enquanto 13% mencionaram o estresse pós-traumático, e 8% foram diagnosticados com depressão.

Segundo Fernando Gomes, o estudo pioneiro pode ser considerado robusto e demonstra que o vírus Sars-CoV-2 pode causar alterações neuropsiquiátricas, com uma predisposição para atingir o sistema nervoso central. “Existe uma preocupação consistente depois que o paciente teve um quadro grave de Covid-19 e necessitou de tratamento.”

“Ele sobreviveu à questão da infecção propriamente dita, mas, na verdade, tem um trabalho lá na frente para ser desenvolvido, tanto pela neurologia quanto pela psiquiatria, no intuito de reabilitar esse paciente e devolvê-lo para um estado de melhor condição de vida”, confirmou.

O neurocirurgião também explicou que os primeiros sintomas costumam surgir em meses após a alta hospitalar, e que, em boa parte das vezes, as queixas são autobiográficas – quando o próprio paciente percebe alterações no seu funcionamento.

O período de isolamento em casa ou o período de internação no hospital podem ser fatores com relação direta envolvendo o surgimento de transtornos psiquiátricos em pessoas que tiveram Covid-19. Para todos os casos, porém, é possível realizar certos protocolos para um diagnóstico mais eficaz dos distúrbios.

Nestas situações, o mais adequado é, primeiramente, a consulta com um especialista – podendo ser tanto um neurologista quanto um psiquiatra, a depender do quadro.

“Com isso, você consegue quantificar e, de fato, colocar o indivíduo dentro de uma situação onde você fala ‘realmente, está distante do normal’. Não é só um relato autobiográfico. A partir daí, você pode estabelecer um plano de tratamento e reabilitação estabilizada”, afirmou.

Exames clínicos e de neuroimagem e a monitorização não invasiva da pressão intracraniana também são altamente recomendados. Os dois possuem a capacidade de procurar eventuais alterações no cérebro que necessitem de tratamento diferenciado.

“O mais importante é reconhecer que não é normal [apresentar transtornos por um período estendido de tempo]. Passado esse tempo, o normal é que você esteja funcionando de forma plena. É possível tratar e ter uma vida plena depois desse diagnóstico”, concluiu.

 

FONTE: CNN BRASIL

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