Cidades

1/3 da população acredita que culpa do estupro é da vítima, revela pesquisa

BRASÍLIA – O medo do estupro atinge 85% das mulheres brasileiras sendo maior no Nordeste (90%) do país, segundo pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma organização não governamental (ONG) com foco em segurança pública. E um terço da população acredita que a culpa é da vítima.

Segundo a pesquisa, 42% dos homens acreditam que mulheres que se dão ao respeito não são estupradas. Entre as mulheres o percentual chega a 32%. Para 30% da população, a mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for estuprada. A crença que a culpa é da vítima é maior entre a população mais velha, com baixa escolaridade e em municípios menores.

— A mulher em hipótese alguma pode ser criminalizada. Ela é vítima, sempre, não ré. Essa cadeia de pensamento precisa ser rigorosamente combatida na nossa sociedade — disse Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do fórum.

Mas o levantamento mostra também que a população mais novas, com menos de 60 anos, tem um olhar menos preconceituoso e não tendem a culpar as vítimas.

O medo do estupro varia de acordo com a região, chegando a 87,5% das mulheres no Norte e 90% no Nordeste. No Centro-Oeste e no Sudeste, 84% das mulheres afirmam ter esse medo e no Sul, 78%.

EDUCAÇÃO

Em 2014, foram registrados 47,6 mil estupros no país. A educação é vista como um diferencial para mudar a atual realidade. De acordo com o levantamento, 91% dos brasileiros acreditam que é preciso ensinar os meninos a não estuprar. Neste caso, o percentual da pesquisa se confirma em todas as faixas etárias, níveis de escolaridade e porte de municípios.

Em relação ao atendimento às vítimas, 53% da população avalia que as leis brasileiras protegem os estupradores. O levantamento também indica que apenas 36% dos entrevistados avaliam positivamente a preparação da Polícia Militar para atender as mulheres vítimas de violência sexual, e 44% concordam com a afirmação que a mulher encontra acolhimento na Polícia Civil.

A política de segurança pública, focada em ampliar o acesso às Delegacias de Defesa da Mulher em vez de melhorias no protocolos e no acolhimento das vítimas, é apontada por integrantes do fórum com um dos motivos desta avaliação.

A pesquisa realizada pelo Datafolha ouviu 3.625 pessoas em 217 municípios em todo país, entre os dias 1° a 5 de agosto. A margem de erro é 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Fonte: extra.globo

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