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Reabertura do comércio e a volta gradativa da “normalidade” – Por Silvio Persivo

Blues pode ser qualquer coisa. “Se você não quer nada, não se conforma, você não sente dor, sofrimento. Blues é querer uma coisa que você não tem” (Janis Joplin). 

REABERTURA DO COMÉRCIO É A VOLTA GRADATIVA DA “NORMALIDADE” 

Nesta segunda-feira (15), o Governo de Rondônia, depois ouvir lideranças do setor empresarial e seu corpo técnico, promoverá adequações nos parâmetros da estratégia “Todos por Rondônia”, estabelecida por meio do Decreto n° 25.049, de 14 de maio 2020, que determinou medidas de para o enfrentamento à pandemia do coronavírus.  Serão alterados os percentuais da taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulta que, juntamente com os dados relativos à taxa de infecção, compõem a matriz que define em que fase da estratégia cada município será classificado. A partir dos novos parâmetros, serão reclassificadas as fases de cada município, que passarão a vigorar a partir de amanhã, terça-feira (16). Assim os municípios da Macrorregião de Saúde I, sediada em Porto Velho, serãom reclassificados na fase 2 da estratégia, que indica o distanciamento social seletivo, no qual é retomada a maior parte das atividades econômicas. Para que essa reabertura parcial não eleve excessivamente a velocidade de contágio e a demanda por leitos, juntamente com o novo decreto, serão estabelecidos rígidos protocolos de segurança sanitária a serem adotados em cada setor de atividade econômica, abrangendo tanto os cuidados sanitários, como os limites de clientes e funcionários dentro de cada estabelecimento, incluindo restrições no tempo de permanência, visando evitar aglomerações. As informações sobre o número máximo de pessoas em cada local deverão constar de cartaz a ser afixado na entrada das lojas, juntamente com o telefone para denúncias.

MUITAS EMPRESAS VÃO TRABALHAR AINDA NO VERMELHO

Embora a reabertura gradual do comércio seja considerada um passo positivo os empresários de Porto Velho não estão muito confiantes de que, num primeiro momento, as vendas sejam muito boas. A perspectiva de muitos deles está ancorada em que depois da reabertura do comércio a Associação dos Lojistas de Shopping Centers (Alshop) registrou, no país, em vendas em média equivalentes a 20% a 30% do que eram antes do fechamento. Segundo a mesma fonte nem as  lojas maiores (âncoras) de shoppings conseguiram alcançar metade do fluxo anterior à quarentena. Aqui não se espera um resultado muito melhor até porque grande parte do comércio ainda permanecerá com as portas fechadas. O certo é que muitas empresas ainda que, com abertura, irão continuar trabalhando no vermelho, ou seja, abrindo para ter alguma receita, mas, com os custos altos, no fim, pagando para trabalhar. 

O ANÚNCIO É UM, O COMPORTAMENTO É OUTRO 

Não apenas as empresas estão sem receita, mas, os efeitos da crise do covid-19 se estendem também para renda dos brasileiros, de vez que a diminuição do poder aquisitivo provém do desemprego no mercado formal, na desocupação de trabalhadores informais e na redução negociada de rendimentos. A consequência esperada aparece no poder aquisitivo e na capacidade de consumo das famílias. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo-CNC, o percentual de famílias com dívidas, em atraso ou não, alcançou 66,6% em abril, recorde desde janeiro de 2010. Para agravar a situação nem as empresas nem as pessoas conseguem novos empréstimos ou rever condições de antigas operações de crédito facilmente. Os bancos afirmam que tem recursos, mas, principalmente as pessoas jurídicas, não conseguiram recursos com taxas mais baixas e prolongamento de prazos. Nem mesmo as quedas recentes, com o Banco Central estabelecendo o patamar mais baixo da Selic (3% ao ano) melhorou o acesso ao crédito com os bancos colocando muita dificuldade. As taxas cobradas pelos bancos estão bem altas. Entre março e abril, a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito desceu de 327,1% em março para 313,4% em abril. No cheque especial, a redução dos juros foi de 130% para 119,3%, mas, são taxas absurdas acrescidas do fato de que os bancos fazem exigências de garantias que não podem ser atendidas. Em suma, os bancos na crise, alegando que os riscos são maiores, não estão atendendo as demandas de seus clientes, apesar da propaganda massiva de que o fazem.  

ARRECADAÇÃO DO ESTADO DO AMAZONAS CAIU EM MAIO

O Estado do Amazonas, por conta da crise da covid-19, apresentou uma  queda da receita tributária estadual, em maio. O total de impostos, taxas e contribuições foi de R$ 741,96 milhões, sendo 11,96% inferior ao número de abril (R$ 842,76 milhões) e 19,99% abaixo do registrado 12 meses atrás (R$ 927,34 milhões). No acumulado, o Estado ainda permanece no azul, com R$ 4,55 bilhões (2020) contra R$ 4,39 bilhões (2019), uma diferença de 3,7%. Os dados são Sefaz AM (Secretaria de Estado da Fazenda) que também informou que o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que corresponde, em média, a 90% da receita, caiu 13,67% na passagem do quarto (R$ 750,58 milhões) para o quinto mês de 2020 (R$ 647,99 milhões). No confronto com abril de 2019 (R$ 818,23 milhões), a queda foi de 20,81% nominais. Em cinco meses, o recolhimento ainda se sustentou no positivo em 4,35% e passou de R$ 3,89 bilhões (2019) para R$ 4,06 bilhões (2020).

O MEDO NO BRASIL É MAIOR 

O estudo “Tracking the Coronavirus”, com entrevistados de 16 nações, sendo mil brasileiros, revela que 71% pesquisados acreditam que a reabertura de comércios colocaria muitas pessoas em risco. Por outro lado, para 29%, o risco é mínimo e é necessário que a economia volte a funcionar. Considerando todos os países participantes da pesquisa, é o Brasil quem mais teme a reabertura dos negócios. A Índia, em segundo lugar com 69%, e México e Coreia do Sul, empatados em terceiro lugar com 65%, também acham que a medida pode trazer perigo à sociedade. Na outra ponta, China (35%), Itália (36%) e França (41%) são os que menos veem risco na abertura dos negócios. A pandemia de Covid-19 também tem efeitos fortes no emprego, pois, apenas 42% dos brasileiros acreditam que os empregos perdidos serão recuperados depois quarentena. Os países com índices mais altos de pessimismo são França (23%), Itália e Espanha (ambos com 31%) e Japão (32%).

AUTOR: SÍLVIO PERSIVO –  COLUNA TEIA DIGITAL

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