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Líder do Irã promete retaliação pela morte de cientista nuclear

O líder supremo do Irã prometeu neste sábado (29) retaliar a morte do principal cientista nuclear do país, elevando a ameaça de um novo confronto com o Ocidente e Israel nas semanas restantes da presidência de Donald Trump.

O aiatolá Ali Khamenei disse que o país continuará o trabalho de Mohsen Fakhrizadeh, que os governos ocidental e israelense acreditam ter sido o arquiteto de um programa secreto iraniano para fazer armas nucleares.

O assassinato de Fakhrizadeh na sexta-feira (27), que o presidente do Irã rapidamente atribuiu a Israel, pode complicar quaisquer esforços do presidente eleito dos EUA, Joe Biden, para reviver uma distensão com Teerã que foi forjada quando ele estava no governo de Barack Obama.

Trump tirou Washington do pacto nuclear internacional de 2015 acordado entre Teerã e as principais potências.

Khamenei, que é a principal autoridade do Irã e que diz que o país nunca procurou desenvolver armas nucleares, disse no Twitter que as autoridades iranianas devem assumir a tarefa de “perseguir esse crime e punir seus perpetradores e aqueles que o ordenaram”.

Fakhrizadeh, que aparecia pouco em público no Irã, mas que Israel apontou como um ator principal no que diz ser a busca de armas nucleares do Irã, foi morto na sexta-feira em uma emboscada perto de Teerã quando seu carro foi atingido por balas. Ele chegou a ser levado para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse em uma reunião de gabinete transmitida pela televisão neste sábado (28) que o Irã responderia “no momento apropriado”.

“Mais uma vez, as mãos más da arrogância global e dos mercenários sionistas foram manchadas com o sangue de um filho iraniano”, disse ele, usando termos que as autoridades iranianas empregam para se referir a Israel.

“Nosso povo é mais sábio e não cairá na armadilha do regime sionista (Israel). O Irã certamente responderá ao martírio de nosso cientista no momento adequado”, disse ele.

O canal de notícias N12 de Israel disse que as embaixadas israelenses foram colocadas em alerta máximo após as ameaças iranianas de retaliação.

Israel se recusou a comentar sobre o assassinato de Fakhrizadeh e um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país disse que o ministério não comenta sobre a segurança em relação às missões no exterior.

A Casa Branca, o Pentágono, o Departamento de Estado dos EUA e a CIA também se recusaram a comentar o assassinato, assim como a equipe de transição de Biden – o democrata assume o cargo em 20 de janeiro.

“Esteja o Irã tentado a se vingar ou caso se contenha, será difícil para Biden retornar ao acordo nuclear”, escreveu Amos Yadlin, ex-chefe da inteligência militar israelense e diretor do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel no Twitter.

Sob o acordo nuclear de 2015, o Irã concordou em restringir seu trabalho nuclear em troca da suspensão de sanções. Depois que Trump se retirou em 2018, as sanções dos EUA aumentaram, reduzindo as vitais exportações de petróleo do Irã e paralisando a economia. Por outro lado, Teerã acelerou seu trabalho nuclear.

A Alemanha, um dos signatários do pacto nuclear, pediu moderação de todos os lados para não prejudicar futuras negociações.

“Definitivamente o Irã retaliará. Quando e como dependerá de nossos interesses nacionais. Pode acontecer nos próximos dias ou semanas, mas acontecerá”, disse um alto funcionário iraniano à Reuters.

Ele lembrou dos ataques de retaliação com mísseis em janeiro em uma base iraquiana onde as forças dos EUA estavam estacionadas, dias depois de um ataque de drone dos EUA em Bagdá matar o comandante militar iraniano Qasem Soleimani. Nenhum soldado dos EUA foi morta na ação.

“O martírio de Fakhrizadeh acelerará nosso trabalho nuclear”, disse Fereydoon Abbasi, o ex-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 2010.

Pelo menos quatro cientistas foram mortos entre 2010 e 2012 no que Teerã disse ser um programa de assassinatos com o objetivo de sabotar seu programa de energia nuclear. O Irã sempre negou buscar armas nucleares, dizendo que seus objetivos são apenas pacíficos.

FONTE: REUTERS

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Marcio Martins martins

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