Interior

Pelo menos 30 pessoas morreram após Prefeitura de Cacoal assumir hemodiálise

Serviço foi assumido pelo Executivo municipal em fevereiro deste ano

Uma denúncia de uma suposta contaminação de máquinas do Centro Municipal de Diálises, que era de concessão da clínica TRS Hemodiálise e foi “tomada” pela Prefeitura de Cacoal em fevereiro desse ano, assustou a população da cidade. Pelo menos 30 mortes teriam ocorrido em apenas sete meses da intervenção feita pelo Executivo municipal.

Segundo um laudo do laboratório Analytical Química e Engenharia (de Cuiabá-MT), especializado em exames microbiológicos de empresas de hemodiálise, emitido no último dia 08 de outubro confirma a contaminação bacteriana em pelo menos três máquinas da clínica TRS Hemodiálise, assumida pelo Executivo municipal.

O exame microbiológico da água utilizada na hemodiálise é uma exigência da resolução nº 11/2014 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e deve ser feito mensalmente por todas as clínicas para garantir a segurança dos pacientes.

O último laudo de análise da água da hemodiálise de Cacoal confirmou a presença de bactérias heterotróficas em dois pontos de alimentação hidráulica de máquinas de diálise e na água circulante já dentro de uma das máquinas.

“Assim que a Prefeitura assumiu, eles pararam de trocar o filtro das máquinas. Ele serve para retirar impurezas que possam passar desapercebidas pela osmose. Ficaram dois meses sem trocar os filtros e as médicas fizeram uma denúncia no Ministério Público”,

disse um médico nefrologista que trabalhava na TRS Hemodiálise até ela ser “assumida” pela Prefeitura de Cacoal. Ele pediu para não ter a identidade revelada.

MORTES

Entre fevereiro (quando a Prefeitura assumiu a atividade) e setembro deste ano, entre 110 pacientes crônicos de terapia renal substitutiva, houve 30 mortes em apenas 7 meses.

No mesmo período de 2020, quando a empresa era administrada por seus proprietários, em 136 pacientes da hemodiálise houve 14 mortes.

Os dados mostraram que 30% dos pacientes em tratamento neste ano, morreram. Segundo nefrologistas ouvidos pelo Rondoniaovivo, o índice não é normal.

Eles ainda falaram que dependendo das providências que a Prefeitura tome, podem acontecer mais mortes por causa da contaminação da água, que já foi constatada na clínica.

DETALHES

O serviço de hemodiálise de Cacoal foi assumido pela Prefeitura no dia 10 de fevereiro deste ano. O Executivo municipal não tem experiência na administração desse tipo de procedimento.

A Prefeitura decidiu intervir na hemodiálise em razão da empresa ter anunciado publicamente que não estava em condições de bancar os custos da operação, devido a inadimplência da própria Prefeitura.

O município deixou de repassar à empresa em 2020, cerca de 1 milhão de reais. Parte em glosas (serviços prestados que a Prefeitura se recusou a pagar) e pela apropriação de cerca de 140 mil reais que o Ministério da Saúde repassou para compensação de perdas da empresa TRS e que o município reteve para si.

Tão logo assumiu o serviço, a Prefeitura de Cacoal passou a contar com uma ajuda de mais 60 mil reais mensais repassados pelo Governo do Estado. 

Dois meses depois de ter tomado para si o serviço, o Executivo municipal não tendo dinheiro para comprar insumos, pediu ao governador que antecipasse três parcelas de 60 mil reais para sanear a situação.

Durante a intervenção, salários de empregados sofreram atrasos e o prefeito não cumpriu o compromisso feito publicamente de pagar uma parcela do 13º salário atrasado dos funcionários.

Na última semana, a prefeitura foi condenada pela Justiça do Trabalho a pagar mais de R$ 150 mil a cinco funcionários da empresa.

MAIS PROBLEMAS

A requisição administrativa pela Prefeitura incluiu o confisco do CNPJ da empresa, a direção dos funcionários e a apreensão da conta bancária, dos créditos a receber e da gestão total da empresa.

Apesar de receber os créditos da empresa, a Prefeitura não quitou os compromissos financeiros dela, deixando de pagar as dívidas que iam vencendo durante sua intervenção.

Até o plano de saúde dos empregados foi cancelado por falta de pagamento após notificação da operadora de saúde.

EXPLICAÇÕES

Por meio do requerimento 56/CMC/2021, o vereador Paulo Henrique (PTB) quer convocar a secretária municipal de Saúde de Cacoal, Janayna Calumby, para prestar esclarecimentos sobre as denúncias referentes ao Centro de Hemodiálise da cidade, que continua funcionando normalmente, mesmo com as 30 supostas mortes causadas pela água contaminada.

FONTE: RONDONIAOVIVO.COM

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