Em Linhas Gerais

Os governantes não estão sabendo se comunicar efetivamente com os cidadãos – Gessi Taborda

FILOSOFANDO

“Eu entendo a inocente alegria das pessoas comuns mas amo a angústia de ser incomum”. VOLTAIRE, pseudônimo  de François-Marie Arouet, poeta, dramaturgo, historiador, ensaísta e filósofo nascido no ano de 1694 em Paris, onde foi um grande defensor da liberdade.

EDITORIALZIM

Basta andar pelas ruas nesses dias de quarentena para ficar convencido de que até em Rondônia nos convertemos numa sociedade aprisionada pelo medo. E não apenas pelos exageros, ansiedades ou histerias coletivas que acompanham a pandemia. Na verdade estamos sofrendo agora o resultado de décadas do medo coletivo que se entranhou em nossas consciências com a ansiedade pelas incertezas do futuro.

O medo do futuro se agravou quando na era do domínio petista o império da corrupção se transformou num dos piores capítulos da história nacional, uma doença crônica que nunca foi curada e chegou a contaminar, também, setores como o do Judiciário, ao qual caberia o serviço de profilaxia contra a roubalheira incrustrada nas instituições públicas do país.

Por vários anos esse medo coletivo foi dissimulado com as armas do marketing oficial com suas histórias de progresso e perspectivas de prosperidade. Foi quando se falou da transformação de milhões de pobres da classe baixa para “membros da classe média”, quando se falou que o país entraria no rol dos maiores produtores de petróleo (assustando até a OPEP) e tantas outras fanfarronices que diminuía a percepção do medo, criando uma sensação de que finalmente tiraria o país do vergonho 3º mundo e colocaria no plano avançado.

Ao sair ontem mais uma vez vendo a nossa capital totalmente fechada, paralisada, senti um medo maior pelo malogro do crescimento econômico esperado e que agora será mais pausado e de mais exclusão econômica para amplos setores da sociedade. Isso, me desculpem leitores, é de dar medo, talvez mais medo do que o gerado pela própria pandemia.

Na minha humilde opinião, essa histeria coletiva presente nas redes sociais merece mais atenção do que está recebendo por parte das autoridades e da própria mídia. Verdadeiramente os governos, no plano federal e no estadual, não estão sabendo comunicar-se de forma efetiva com os cidadãos.

Os políticos sabem organizar campanhas eleitorais, operações de mercado, sabem conseguir apoios de eleitores, mas não sabem praticar o diálogo social permanente sobre a profundidade do colapso que a pandemia vai causar especialmente para o grupo menos protegido da sociedade. Na comunicação das autoridades de governo o ponto máximo é falar do número de contaminados, do número de mortos e da expectativa de decisões mais severas de contenção. Isso não estabelece um diálogo entre governantes e cidadãos.

Na minha idade, chegando aos 70 anos, não deveria pessoalmente me preocupar muito com o que virá por aí. Afinal, estou consciente de que tenho mais passado do que futuro. Assim, não preciso esforçar-me para acalmar a minha ansiedade interior como os mais jovens. Sei que o pós pandemia vai trazer reflexos para grande parte da minha família e isso não é piada. Reconheço  o medo nos rostos daqueles que ontem estavam nas filas das lotéricas (ainda existem algumas abertas), das farmácias e dos supermercados. É triste, mas ainda não é o medo da hecatombe econômica que virá quando avisarem que acabou a pandemia.

Como jornalista aposentado após mais de 45 anos de exercício da profissão, não tenho direito de enganar meus leitores. Sei que nossas instituições no geral não funcionam. Nós, povo brasileiro, estamos ainda abandonados à nossa própria sorte. E assim temos de resolver os maiores e velhos problemas que nos afligem. Eles existem até hoje pela fatídica corrupção praticada no país e nunca combatida para valer pelas chamadas instituições do estado. Se não temos hoje um serviço público de saúde capaz de atender nossos idosos num momento de crise como agora, bem como garantir o leite das crianças fora das escolas fechadas, é pelo simples fato de que os governantes do passado, responsáveis pela organização do sistema, preferiram roubar o erário para enriquecerem rapidamente na crença da impunidade.

E como as mudanças radicais que ainda permitem a existência da política suja do Brasil não mudou é perfeitamente natural ter um medo maior ainda do que virá por aí após o fim da quarentena. Aqui não será como nos Estados Unidos onde cada cidadão afetado já começará a receber o cheque  de subsídio prometido pelo governo Trump. Aqui no Brasil e aqui em Rondônia como as autoridades pretendem levantar a economia após esse longo período de fechamento? A maior parte da nossa sociedade ainda não entendeu o tamanho do dano que essa decisão de parar tudo está causando à nossa economia.

A função de gerar saúde de qualidade nunca foi levada a sério pelos governantes anteriores. Por isso custa tanto organizar a resposta do estado para enfrentar a pandemia. Temos uma rede hospitalar deficiente, na maioria das vezes utilizada para formatar contratos milionários em favor de empreiteiras desonestas e políticos sempre gananciosos buscando o vil metal, e nos faltam também os profissionais necessários para fazer a saúde funcionar. Isso tudo pelo fato de nossos políticos aliados a empresários insaciáveis fazer pouco da ciência e preferir gerir o setor como um enorme cabide de emprego para cabos eleitorais. Operado politicamente, o setor de saúde não costuma abrir espaços para os melhores, os mais preparados.

Não fosse o heroísmo dos trabalhadores desse sistema ultrapassado da saúde pública, certamente mesmo numa hora como essa só os abrigados no clientelismo teria o atendimento prioritário. Muita gente aqui fez carreira política colocando eleitores de sua base no atendimento prioritário das unidades de saúde. Alguns deles, ladrões condenados, chegaram a criar institutos de atendimento aos deserdados para garantir votos em favor do (ah!ah!ah!) benfeitor.

Creio que muita gente tem mais medo do que vai acontecer depois da pandemia do que está acontecendo agora. Dizem que para vencer o medo é preciso ter muito conhecimento e muita força de vontade. Sigmund Freud dizia que há dois tipos de medo: o neurótico, que era aquele medo que a gente mesmo inventava; e o real, que era um medo razoável ante uma ameaça iminente. Sem instituições que funcionem nossos medos neuróticos se transformarão prontamente em medos reais.

ATÉ AMANHÃ

Até a próxima sexta-feira (27), profissionais da área de saúde que passaram no último processo seletivo simplificado (regime celetista) realizado pela Prefeitura de Porto Velho, poderão comparecer a Secretaria Municipal de Administração (Semad) para dizer se aceitam ou não a vaga. Por conta da pandemia de coronavírus e mediante determinação do prefeito Hildon Chaves, com objetivo de reforçar os atendimentos nas unidades de saúde do município, na sexta-feira (20) foi publicado o edital convocando 39 médicos, 11 enfermeiros e 60 técnicos de enfermagem, os quais tinham prazo de 48 horas para se apresentar.

VACINAS

A Prefeitura de Porto Velho, através da Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Departamento de imunização, informa que acabou o primeiro lote das vacinas de Influenza, em todas as unidades de saúde da capital. O próximo lote está previsto para ser entregue pelo Ministério da Saúde, na próxima quarta-feira, dia 1º de abril nas unidades. A Semusa avisará aos grupos prioritários sobre a retomada dos atendimentos. Para esclarecimento de dúvidas e mais informações a Semusa disponibilizou o seguinte número: (69) 3224-8071.

DELIVERY

O serviço de delivery tem sido a salvação para muitos restaurantes e lojas de Rondônia, principalmente para os micro-empreendedores. Por conta da pandemia do novo coronavírus e da quarentena decretada em todo o Estado, serviços não essenciais precisaram interromper as atividades, porém as contas não param de chegar e por isso manter o atendimento por meio das entregas vem sendo a solução.

COMEÇOU

Consumidores de Porto Velho relatam desabastecimento de alguns produtos e elevação de preços nos supermercados por conta da pandemia do novo coronavírus. O produto que é mais difícil encontrar nos estabelecimentos ainda é o álcool em gel, e até mesmo o álcool líquido. Quarta-feira no supermercado Gonçalves da Sete com Jorge Teixeira já estava faltando cebola. Só o restolho estava à venda. Outra reclamação dos consumidores tem sido a elevação de preços de alguns produtos, em razão da alta demanda nos últimos dias, por conta da Covid-19. Um comerciante do segmento contou à coluna que até o momento ocorrem somente faltas pontuais de alguns produtos.

QUEDA

As incertezas quanto ao rumo que os cenários da saúde e da economia tomarão no país devem impactar as vendas da Páscoa. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), por exemplo, já sofreu queda de 5,5% em março – 124,6 pontos ante os 131,8 de fevereiro – muito por conta do início da pandemia do coronavírus (covid-19) que atingiu o Brasil e afetou a economia e a intenção de compras no mês. Neste período, já é possível observar uma mudança de comportamento do consumidor na busca por alimentos com maior durabilidade nos estoques, como arroz, feijão e carnes salgadas ou enlatadas.

FANTASMA

Finalmente, segundo se informa, as praias brasileiras estão livres do óleo derramado no mar por um navio até agora não localizado. O Governo desmobilizou na sexta-feira o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional. Não se encontrou mais manchas de óleo nas praias do nordeste. E até hoje não se sabe qual é o navio culpado pelo vazamento – e falta a punição. Investigações continuam. O presidente Jair Bolsonaro chegou a citar óleo venezuelano.

É DELES

O Brasil terá safra recorde de 251 milhões de toneladas de grãos este ano, avisa a Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab. O que poucos sabem é que boa parte das plantações hoje, no Centro Oeste e Sul da Bahia, está nas mãos de chineses, americanos e russos. Muito disso será para exportação.

CONTÁGIO

Agora nem mesmo o gabinete do prefeito está funcionando presencialmente. O prefeito Hildon Chaves cumpre com suas responsabilidades colocando todos os planos de contingência para evitar a propagação maior do Covid19. Ao tomar essas decisões o prefeito deixou claro que “não podemos impedir o contágio, mas podemos atrasar a sua propagação e isso pode salvar vidas aqui na capital rondoniense”.

SOBREVIVÊNCIA

Dá pena ver o comercio de Porto Velho com suas portas fechadas. É primordial proteger a vida das pessoas sem deixar de lado as preocupações com a questão econômica. Ela afetará também a todos nós. Então concomitantemente enquanto se protege a vida das pessoas, também há de se proteger as empresas pois são elas que garantem e emprego e o funcionamento da economia. A partir de agora, temos que pensar na sobrevivência das empresas, principalmente das micro e pequenas que são as maiores geradoras de empregos e têm grande dificuldade a crédito.

Até agora o governador não apresentou nem mesmo um esboço de algum plano para garantir às micro e pequenas empresas acesso ao credito mais barato. Lideranças empresariais estão orientando aos seus colegas que cuidem da melhor maneira possível de seus investimentos. “É uma situação de guerra mundial; uma situação muito difícil. Se o comércio ficar muito tempo parado podemos ter complicações, mas não tem como, pois a medida tem que ser cumprida”.

FLEXIBILIZAR

O governo rondoniense pretende flexibilizar, a partir de hoje, o decreto de Calamidade Pública que paralisou as atividades econômicas do estado. O objetivo do novo decreto prometido para essa quinta-feira visa, segundo fonte palaciana, garantir a sustentabilidade da economia rondoniense, sem esquecer das medidas de proteção, prevenção e controle do novo coronavírus. As medidas estão sendo tomadas com base no cenário favorável de Rondônia para o avanço da Covid-19, que registra oficialmente apenas cinco casos confirmados. De acordo com a mesma fonte, novas medidas de flexibilização serão tomadas até a próxima terça-feira (31), avaliando informações estratégicas da área economia e dados epidemiológicos.

CONTRATAÇÃO

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que irá contratar 330 servidores, em caráter emergencial e temporário, para reforçar o pessoal na rede pública de saúde, para enfrentar a pandemia do Coronavírus. A pasta também informou que irá distribuir novos kits de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) aos profissionais de saúde, especialmente para o Hospital Regional e o de Urgência e Emergência (Heuro), ambos em Cacoal.

AUTOR: GESSI TABORDA –  JORNALISTA  –  COLUNA EM LINHAS GERAIS

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